Porteira gonzando em hora de cristão recolhido. Hora desgraçada,
cuzarruim de bote. A lua minguante minguava migalhas de luz. Caltabiano saiu
afobado para avisar o povo de Ipurá que o Luizão havia enlouquecido, que estava
“inté arrancados os cabelo”.
Galopeio, galopeio, galopeio.
No caminho, a chuva inesperada. A escuridão, misturada com o caminho
pedregoso, fez com que a montaria hesitasse muitas vezes qual cavalo aguado,
que nada faz com que siga adiante.
Duas léguas depois, Caltabiano chega às mangueiras da casa de siô
Gervásio. Mais alguns metros e ele estava lá dentro, contando a desgraça, em
volta do fogão de lenha, que aqueceu a dor. “Dor de bestar qualquer coração de
pedra”, lembrava-se intermitente.
Seguinte – murmurou Caltabiano metade assustado, metade
mensageiro:
- Mal´acontecido se deu adiantante de Ipurá, cerca do chapadão. Num
trio de boi estriado no morro, a mula desembestou, besta-fera na grimpa.
Velho Gervásio interrompeu, coração batendo cansado:
- Mas, diga lá, home: o que feis a mula desembestá?
- Talvezes carreira de preá, talvezes urutu sustada.
O silêncio fez-se. Sepulcral.
Os banhos ditos, por qual? Soturnidades, casmurrices, berneira que não
sara.
Porteira gonzando em hora de cristão recolhido, hora desgraçada, hora
itê.