segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fui a Brasília

Na Câmara, com inveja do Tiririca.
Neste final de semana voltei a Brasília, depois de dez anos. Morei lá por seis meses em 2001.

Dez anos... Como o tempo passa!

Fiz o roteiro de todo turista – que não fiz naquela época – e me lembrei de Macalé... mas vou atualizá-lo:

"Fui a Brasília
dei um quadro
de presente à maioral
Era um triângulo redondo
e ela até que achou legal."

O verso de Macalé – creio – foi para o Figueiredo. Se eu estiver errado, que me corrijam.

Adorei rever a Capital Federal – linda – e até me entusiasmei e sentei no lugar do Tiririca, do Romário, do Danrlei ou do Popó . Por um momento, experimentei aquela vontade de apertar o botãozinho e mudar os rumos do Brasil.

Ah, cheguei a São Paulo às 10 da noite, a tempo de assistir ao Oscar.

PS: Em tempo, hoje pela manhã, resolvi pesquisar a letra inteira de O Conto do Pintor e descobri que a música não é do Macalé. Ele apenas gravou este samba de breque – tenho o vinil – que originalmente era do repertório de Moreira da Silva.  Justiça seja feita, o samba é de Miguel Gustavo. Segue a Letra completa para quem não a conhece.

O Conto do Pintor (Miguel Gustavo)

Desembarquei fantasiado de pintor
No aeroporto já encontrei o Ibrahim
Fez um discurso e apresentou-me ao Dourado
que já de cara deu apartamento para mim.

- Moringueira vais levar um duplex?
- É o seguinte, eu não mereço, eu não mereço tanto. É muita gentileza sua.

Fomos direto ao museu de arte moderna
A grande obra de madame Guiomar
Condecorando-me com a ordem do vaqueiro
O Chateaubriand quase chegou a me estranhar


- Embaixador, deixa isso pra lá. Vossa excelência que é o admirador e protetor das artes do Brasil.

Mas ali mesmo demonstrei o meu talento
Pintei triângulos redondos e um quadrado todo oval
Eles olhavam perturbados e diziam
"Esse Moreira é um artista genial!"

Mais que depressa eu vendi noventa quadros
Depois de dar uns dois ou três em benefício
Entrevistado pelo Rubens do Amaral
eu respondi "ora, que nada, é meu ofício"

Pintei vassouras com feitio de espadas
Pintei espadas qual vassouras
Retirei-me do local
Mas a ilustríssima platéia delirava
"Esse Moreira é um artista genial!"

Pintei um quadro só por fora das molduras
Eu joguei tinta nas paredes todo mundo achou legal
Eu comi rosas e as madames exclamaram
"Esse Moreira é um artista genial!"

E eu que não pintava nem nos muros da Central!

Mais que depressa eu vendi noventa quadros
Depois de dar uns dois ou três em benefício
Entrevistado pelo Rubens do Amaral
eu respondi "ora, que nada, é meu ofício"

Pintei vassouras com feitio de espadas
Pintei espadas qual vassouras
Retirei-me do local
Mas a ilustríssima platéia delirava
"Esse Moreira é um artista genial!"

Fui à Brasília dei um quadro de presente ao maioral. Era um triângulo redondo, mas “Nonô“ achou legal.

Miguel Gustavo Werneck de Souza Martins (compositor, jornalista, poeta e radialista) nasceu no Rio de Janeiro em 1922 e faleceu em 22 de janeiro de 1972 aos 50 anos de idade. Era um cronista musical. Retratava em suas músicas o que de mais importante estava acontecendo nos meios sociais de sua época. Começou como discotecário da Rádio Vera Cruz em 1941. Mais tarde passou a escrever programas de rádio. Suas músicas foram gravadas por Elizete Cardoso (Partido baixo do partido alto e Achados e perdidos); Dircinha Batista (Carnaval pra valer); Jorge Veiga (Independência ou morte); Carminha Mascarenhas (Per omnia saecula saeculorum); Isaura Garcia (O samba do crioulo); com Linda Batista (Stanislau Ponte Preta); Aracy de Almeida (Conselho inútil, E dai ?...); Moreira da Silva (O Conto do Pintor); e muitos outros.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A primeira enchente a gente nunca esquece

O amigo Elias Tobias clicou este raio... que não o partiu
“Estou há 50 minutos com o carro desligado no maior trânsito e na chuva!!!” – postou a amiga Helena, via celular, no seu Facebook durante o temporal que caiu na cidade nesta segunda-feira. Ela estava lá pelos lados de São Caetano. O que a amiga foi fazer em São Caetano? Ela mesma respondeu: “Ah, resolvi sair por aí e me perder... me enfiar pelas ruas e começar a dirigir nesta cidade louca!”

No meio daquele trânsito aquático e paquidérmico, Helena deve ter se lembrado de Brasília, sua cidade, onde não se tem notícias de enchentes e o trânsito – imagino – deve fluir sem muitos problemas, sobretudo às sextas, sábados e domingos, quando a maioria dos habitantes costuma visitar suas bases em outros estados.

Depois do post de Helena, veio uma enxurrada de comentários: “Como foi parar em São Caetano com tanto lugar aqui? Kkkkkkk”; “Isso indica que você só sai daí amanhã...”; “Ai, prima, cuidado por aí viu?”; “Vai inventar de ir para Sampa... vai... rsss”; “Nossa amiga, já me acostumei com as tardes paulistanas de Pinheiros e Vila Madalena... chuvas de pedra, trânsito paradadooooooooo... carros buzinando. como resolver o congestionamento?”; “Amiga... é demais. A que ponto chegamos, não?”; “Estou pegando o Metrô.” “Olha, uma caminhada em meio a tantos congestionamentos chega ser poético, mesmo que com os sapatos e meias molhadas.”

Helena finalizou postando: “Mil horas depois consegui sair do engarrafamento! Minha primeira enchente!!!! Quem está em São Paulo tem que passar por isso?... Para entender tive que sentir na pele. É o regime das águas que o Rafa tanto fala misturado com 5 zilhões de carros e mais o chão impermeabilizado pelo asfalto.”

Hoje falei com Helena por e-mail e então ela me contou que saiu de Pinheiros para São Caetano. Um detalhe importante: ela havia dirigido umas dez vezes, no máximo, aqui em São Paulo e nunca tinha saído do perímetro Vila Madalena/USP. Apesar do temporal na ida, ela não se perdeu e conseguiu chegar ao destino. Mas, na volta, a chuva aumentou muito e ela se viu parada no epicentro de um congestionamento interminável perto de um tal Morro do Urubu, ao lado de um rio. A chuva diminuiu e nada de os carros andarem. Aí, segundo ela, foi o melhor momento: os motoristas deixaram seus veículos e passaram a conversar e os motoqueiros que passavam, voltavam com a informação de que nem um trator passaria pela enchente lá na frente.

Helena, lembro-me vagamente de um conto dos anos 80 de Ignácio de Loyola Brandão. O personagem fica parado dentro de seu carro na Marginal Tietê durante semanas, pois o trânsito travara inexoravelmente. Um prenúncio? Naquela época a cidade começava a dar seus primeiros sinais que um dia, lá pelo distante 2011, começaria a travar como no conto do Loyola. 

Ontem, enquanto você estava presa no congestionamento, eu tomei o Metrô daqui do centro até a Estação Sumaré. Gastei quase meia hora. Então fui até a Cardeal Arcoverde enfrentar de ônibus os poucos quilômetros restantes até a minha casa. Gastei uma hora. No ano passado cheguei a descer várias vezes a Cardeal a pé até o Largo de Pinheiros.

O quase metrô da linha Amarela vai completar um ano em maio e até agora nada. Só funciona até as três da tarde. Ele resolveria parte dos problemas de que estuda na USP ou mora por aquelas bandas, como é o meu caso. Maio está chegando e já podemos começar a preparar a festa de um aninho do quase metrô da linha amarela.

Minha querida, voltando ao início deste post, a primeira enchente a gente nunca esquece e ela traz na correnteza muitas histórias, como esta, pra gente se divertir.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MÚSICA

Com um solto som no espaço
Forma-se o compasso.
As notas outras
Aglutinam-se na sequência lógica.

E mágica
A melodia finda
Ecoa nos limites palpáveis
De nossos aguçados ouvidos
Que por um canal desconhecido
Levam a melodia até o âmago
De nossos sentimentos

Aflorando-os
Transformando-os
Em ritmos indispensáveis
Para esta grande orquestra-vida.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Confete, serpentina & Tiririca

Não posso deixar de comentar as entrevistas que a CBN fez nesta manhã de sábado na Rua 25 de março.

“Por incrível que parece (sic) todo mundo só procura a máscara do Tiririca”, disse um lojista. Outro emendou: “acho que até o Carnaval ainda vai vim (sic) muita gente comprar a máscara”. Até da Paraíba veio um comerciante para se abastecer dos produtos carnavalescos da 25. “Compensa vir de tão longe?” “Ah, claro. Eu venho todos os anos, pois aqui é muito mais barato.

O impressionante são os dados. As máscaras de Tiririca estão batendo o recorde de vendas. A estimativa é que sejam comercializadas cerca de 100 mil peças. O nobre deputado fica com 50% deste total e os outros 50% divididos, na ordem, pelas máscaras de Dilma, Lula (o campeão dos oito últimos carnavais), Obama e Bin Laden. Interessante conferir as máscaras que não saem da prateleira: as de José Serra, Marina Silva, Marta Suplicy e da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.

Noutro dia li que as empresas que fabricam as máscaras estavam em negociação com a diretoria do Flamengo para produzir as do Ronaldinho Gaúcho. Quem quiser uma do rubroastro terá que recorrer à genérica, que já está na praça, sobretudo no Rio de Janeiro.

Com ou sem Ronaldinho, o carnaval 2011 já está decretado: será a cara do Tiririca.

A constelação literária de Haroldo de Campos

Haroldo de Campos clicado por German Lorca
H LÁXIA é o título da Ocupação Haroldo de Campos que está em cartaz no Instituto Cultural Itaú e Casa das Rosas até 10 de abril. A exposição tem como principal obra de referência o livro-poema Galáxias. A curadoria é do "decompositor" Lívio Tragtenberg, do poeta Frederico Barbosa e dos professores Marcelo Tápia e Gênese Andrade.

A exposição apresenta instalações sobre a obra de Haroldo – como a peça sonora e visual inédita de Lívio Tragtenberg, H LÁXIA, que dá título à exposição. Também é destaque da atividade a exibição, pela primeira vez, de uma seleção de livros anotados pelo autor – sua marginália. Assim, o público descobre o que o poeta e tradutor pensou no momento de ler as obras. Também tem acesso a seus poemas, manuscritos de suas obras e parte da sua hemeroteca.

Os curadores mergulharam nas cerca de 20 mil publicações acumuladas por Haroldo junto a pastas de recortes e obras de arte que formavam a sua biblioteca, iniciada na juventude por ele, junto com seu irmão Augusto. Os livros foram tantos que ocuparam todas as estantes e paredes da casa do poeta em Perdizes, que passou a ser chamada de “bibliocasa”. Em 2004, a família doou todo o acervo para o Estado de São Paulo, que o depositou na Casa das Rosas, rebatizada então como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura.

Foi vasculhando este precioso acervo que os curadores recuperaram o universo de Haroldo. Boa parte desse universo está representado na exposição. Ao visitar a Ocupação Haroldo de Campos – H LÁXIA, o público encontra pistas para conhecer não somente a obra como também o personagem.

A exposição começa no Itaú Cultural e prossegue na Casa das Rosas. Ao chegar, do lado de fora da casa o visitante depara-se com 24 totens rentes ao chão que ostentam trechos do poema Servidão de Passagem. Uma instalação metalinguística, posto que aquele espaço é uma “servidão de passagem”, que liga a Av. Paulista à Alameda Santos.

No Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô - 11. 2168-1776/1777) a Ocupação Haroldo de Campos fica aberta de terça a sexta, das 9h às 20h e sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. Na Casa das Rosas (Av. Paulista, 37 - Bela Vista – 11 3285-6986), de terça a sábado, das 10h às 22h, e domingos e feriados, das 10h às 18h.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Goleada: 26.723,13 x 545,00

Este foi o resultado do jogo de ontem no estádio do Congresso Nacional, em Brasília, em partida disputada entre deputados e eles mesmos. A quase mesma Câmara que demorou nove horas de debate para aprovar o fantástico aumento do salário mínimo para R$ 545, em dezembro de 2010, aprovou em votação relâmpago o aumento de 62% para os próprios salários, que agora em fevereiro passará para R$ 26.723,13.

No bojo deste último, levou o aumento também para os senadores, presidente e vice-presidente da República e ministros do governo federal. Deverá influenciar ainda as discussões sobre tema nas assembléias legislativas e câmaras municipais deste nosso Brasilzão.

É bom que a gente não se esqueça que deputados e senadores recebem 15 salários durante o ano e engordam seus vencimentos com as verbas de gabinete, passagens aéreas, moradia, plano de saúde e gastos administrativos. Aliás, não entendi até hoje o porquê de eles receberem 15 salários e não 13 como todos os trabalhadores brasileiros, mesmo porque, com tanto recesso, eles não trabalham os 12 meses do ano como todos nós. Deveriam, portanto, receber 10 ou no máximo 11 salários.

Respondi a uma pesquisa que a UOL fez hoje com o tema: Qual é o valor de salário mínimo ideal? Votei e quando conferi o resultado lá estava:

R$ 2.194,76 do Dieese                              (52,70%)
R$ 600 de José Serra                                (26,80%)
R$ 545 de Dilma Rousseff                          (12,10%)
R$ 560 dos sindicalistas e da oposição       (8,40%)

Abaixo vinha a advertência: Atenção: O resultado desta pesquisa não tem valor de amostragem científica. Huumm, mas reflete o que pensa a maioria, não é?


Os jornais de hoje relacionaram alguns itens que o trabalhador pode comprar com os seus fantásticos R$ 545,00. Ele pode, por exemplo, comprar sua cesta básica por R$ 72,00 (13,21%), obturar um dente por R$ 58,00 (10,6%) ou extraí-lo por R$ 87,00 (15,96%). Se for fanático por futebol, terá que gastar R$ 30,00 (5,5%). E por aí vai.


Quanto ao aumento dos deputados, só mesmo reproduzindo o comentário de Tiririca quando soube que ainda nem assumira o mandado e já tinha garantido o aumento fabuloso: “Cheguei com sorte”. Sorte, Tiririca! A maioria dos trabalhadores do país que você representa teve aumento de apenas 5%. Que azar, né?

Para terminar fugindo completamente do assunto, sou o convidado da edição de fevereiro da Revista Brasileiros na seção Poetas Brasileiros. Confiram nas bancas ou no site da revista: http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/43/textos/1380/

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Burro chucro

Eu sou mesmo persistente
E mesmo que alguém tente
Me desmoronar:
Sou castelo de pedra,
Sou um príncipe valente,
Sou o princípio da corrente.

Olha que eu sou capaz
De estourar os miolos,
De quebrar os tijolos na cabeça,
Na cabeça de pensar,
Na cabeça de usar chapéu.

Eu sou mesmo inconsequente
E mesmo que alguém tente
Me endireitar:
Sou cadeira de ferro,
Sou um trem no trilho,
Sou aquele pródigo filho.

Olha que eu sou capaz
De desacatar as vidas
De sorrir das feridas na cabeça
Na cabeça de pensar
Na cabeça de usar chapéu.

Burro chucro, doma a vida.

.............................................................

Quero um estetoscópio azul
Para auscultar o coração de um rei.
Hei de descobrir nas batidas
O porquê de ele ditar a lei.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A little box of surprises

Antes do jogo no domingo caí na besteira de postar no meu Facebook: “Sou Palmeirense desde pequenininho, porém pela primeira vez estou preocupado com o jogo de hoje. Se o meu verdão ganhar daquele time rival, coitada daquela nação. A casa cai de vez.”

Tão logo o jogo acabou lá veio a enxurrada de comentários em cima do meu comentário infeliz. Fiz a graça porque tinha toda a certeza do mundo que o líder verdão daria uma surra no rival. Toda a certeza? Humm, eu deveria ter me lembrado da máxima da máxima do futebol que diz: o futebol é uma caixinha de surpresas ou para quem não entende português, a little box of surprises.

Deveria ter me lembrado, sobretudo, do meu post de dezembro neste blog (http://dirceurodrigues.blogspot.com/2010/12/tout-puissant-mazembe.html), quando o desconhecido Mazembe, do Gongo, eliminou o Internacional, de Porto Alegre, no Mundial de Clubes, contrariando os prognósticos dos doutores em futebol e reforçando a máxima da caixinha.

Esta semana está sendo profícua para falar de futebol. No sábado, assisti ao amistoso de despedida da Marta entre a equipe feminina do Santos e a seleção da Coréia. A Band transmitiu e ex-jogador Denílson foi o comentarista do jogo. Lá pelas tantas ele solta a pérola: “Se eu fosse a Marta, "trairia" o jogo para o meio de campo". Passados alguns minutos, ao perceber a besteira que havia dito, tentou se corrigir e se enrolou ainda mais para tentar pronunciar a palavra “traria”.

O mesmo Denílson respondeu a uma pergunta do telespectador na derrota do Brasil para a Argentina no domingo à noite. Pergunta: “Com um homem a menos (o zagueiro Juan havia sido expulso logo no começo do jogo), aumenta a responsabilidade do Neymar?” Resposta: “Aumenta, é claro... para nós telespectadores, porque no campo a responsabilidade é igual para todos os jogadores.” Brilhante comentário.

O Diário de São Paulo publicou na capa da edição desta quarta-feira uma foto de Adriano com uma caneca de chope na mão. Abaixo o brilhante título: Imperador chega ao Rio e já começa “tratamento”. Na madrugada, enquanto o jornal estava nas rotativas, Adriano era parado por uma blitz. O imperador se recusou a fazer o teste do bafômetro. Perdeu a carteira de motorista e irá pagar a multa – uma merreca para ele – de R$ 957,70. Esta matéria estava de manhã nos sites daqui e de toda a Itália.

Outra notícia saborosa do caderno de esportes do Diário foi sobre as lesões de nomes exóticos dos jogadores do Verdão. O título é Parece até vodu. Edmundo teve problemas no músculo poplíteo do joelho direito; Figueroa, uma periostite femural; Pierre, uma fastite plantar; Valdívia, uma fibrose na coxa direita; e Dinei, no último domingo, sofreu uma fratura no rebordo posterior do acetábulo direito. Como esses nomes todos esquisitos, a matéria sugere que o Verdão troque sua equipe médica pela do Doutor House.

Para finalizar esta quase coluna esportiva, resta lembrar que na quinta passada, um dia após a posse, o nobre deputado Romário foi flagrado na praia da Barra da Tijuca jogando futevôlei. Bem, aí o nobre deputado contraria a máxima. Romário na praia jogando futevôlei – todos nós sabemos – não é a little box of surprises.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

CHEGADA

Vim com a cara e a coragem,
Um fogo, uma vontade
De seguir viagem.

Vim com a vida, a vadiagem,
Uma foto, uma verdade.
O meu corpo uma colagem.

Cheguei disposto
A quebrar o encanto
Deste espelho mágico,
A entoar meu canto,
Partir em mil esperanças
Este retrato trágico.

(o corpo, retrato falho,
Imensa colcha indefinida)

Não sei se sou eu quem chora,
Ou se é o outro lado quem se diverte.

Só sei que cheguei
Com o gosto
De quem ganhou a luta,
Sem tê-la iniciado.

O que a vida me deu
E não se arrependeu
Eu trouxe e dou
Dou a quem quiser.

A quem estiver deste
Ou do outro lado da margem
Eu dou a minha força,
A minha cara e coragem.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Multas S/A

O trânsito Av. Rio Branco estava completamente parado na tarde daquela sexta-feira, 17 de dezembro de 2010. Um marronzinho tentava aliviá-lo da maneira que podia. Com o apito na boca e aquele gesto típico com o braço erguido induziu alguns motoristas a circularem pela faixa exclusiva dos ônibus. Esta foi sua estratégia. Brilhante decisão, pois o trânsito começou a melhorar, ainda que lentamente. Uma semana depois desta tarde congestionada um dos motoristas recebeu em casa a MULTA de R$ 127, que chegou acompanhada dos cinco pontos na carteira. Quem multou? O indefectível radar que flagra quem trafega pelo corredor de ônibus.

Esta história foi narrada com todas as letras na edição de hoje do Diário de São Paulo, que também publicou os números de uma das indústrias que mais faturam na cidade de São Paulo: a Indústria das Multas S/A, que conta hoje conta hoje com 577 radares (177 deles inteligentes, que flagram até os veículos que não passaram pela inspeção veicular e multam os motoristas em R$ 550) e 2.450 agentes de trânsito para controlar o trânsito e multar, multar, multar.

As histórias são muitas e todo mundo tem uma para contar. Eu tenho a minha: certa vez a multa chegou dizendo que eu estacionara na Av. Cruzeiro do Sul, em frente à Rodoviária, numa quarta-feira, às 8 da manhã. Na época morava numa travessa da Rua 13 de maio e trabalhava em Pinheiros. Nunca, nunquinha mesmo estaria em frente à rodoviária naquele horário e, mesmo que tivesse ido, não pararia meu veículo na Cruzeiro do Sul. Aliás, me recuso a buscar alguém na Rodoviária. Quem chegar à cidade que pegue o Metrô. No máximo eu pego o amigo ou parente numa estação na região da Paulista. Enfim, recorrer àquela multa me fez perder muito tempo e não deu em nada.

Outra história aconteceu com um amigo aqui do trabalho. Ele subia a Rebouças, para variar congestionada. No cruzamento com a Henrique Schaumann, o trânsito à frente parou. Então ele freou seu veículo antes da faixa aguardando que o trânsito fluísse. Porém, uma marronzinha soou apito e indicou que ele prosseguisse. Meu amigo o fez e então aconteceu: o farol fechou e ele ficou no meio do caminho. Dias depois chegou a multa, aplicada, talvez pela mesma marronzinha. A quem recorrer neste caso? Ao diretor de trânsito? Ao prefeito? Ao governador? Ou àquela marronzinha que o mandou prosseguir?

Finalizo este post com um testemunho. Todos os dias na minha volta pra casa, lá pelas 19h30/20h desço num supermercado na Av. Vital Brasil. Invariavelmente, neste horário dois ou três veículos da CET estão sempre estacionados e, dentro deles, os agentes de trânsito – que deveriam estar controlando o trânsito caótico daquela região – estão passando a limpo as multas do dia, que irão direto para os cofres da Indústria das Multas S/A. Será que eles ganham comissão por multa aplicada? Pergunto.  

O que fazer para acabar de vez com este problema? Uma solução é o cidadão vender seu veículo e utilizar o transporte público. Transporte público? Ah, ia me esquecendo. Este é outro problema!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

VIDA VELHA

Vida velha renasceu
D’um baú do fundo do quintal
E nos trastes, tristes trapos
Desenterrados, mofos mortos
ressuscitaram.

Vida velha reviveu
Tempo puro, bem e mal
E das trevas, tréguas, tramas
Nunca d'antes reveladas
Ressuscitaram.

No mofo,
O futuro distante,
Hoje realidade.

E o sol entrando pelas
Entranhas, estranhando.

E hoje,
O futuro presente,
Com saudades do passado,
Do que foi esperança
Do que é só lembrança.

Vida velha
               Dividida
                         Dívida.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Le Brésil n´est pas un pays sérieux

Se De Gaulle tivesse dito mesmo esta frase, atribuída a ele – mas que a diplomacia francesa sempre insistiu ao longo da história em desmentir veementemente – estaria coberto de muitas razões. Uma delas: se o general estivesse vivo e assistisse à posse dos novos deputados nesta terça em Brasília cunharia definitivamente a mais famosa frase que o disse-que-disse disse que ele disse e não disse: O Brasil não é um país sério.

Vamos à escalação! A nova Câmara dos Deputados vai de: Danrlei de Deus no gol (espero que ele não dê uma voadora em nenhum nobre colega), Acelino Popó Freitas (que promete boxear com o Suplicy), Romário lá na frente (bem depois das duas da tarde, sem treinar muito), Jean Wyllys (ex-BBB, que vai fazer lá não sei o quê), e ele, o fenômeno: Tiririca (que chegou pleiteando um lugar na comissão de Educação e Cultura). Timaço.

Ah, não podemos nos esquecer dos novos talentos, que têm muito futuro na política: Garotinho, Paulo Maluf, ACM Neto, Sarney Filho, Esperidião Amin... e também dos “filhos de”. Sim o novo timaço conta com os famosos herdeiros de nome, sobrenome & política. Vamos lá: Renan Filho, (Renan Calheiros), Zeca Dirceu, (José Dirceu), Gabriel Guimarães (Virgílio Guimarães), até Ratinho Junior (filho do próprio) integra o escrete.

Não podemos nos esquecer das filhas, como Jaqueline Roriz (de Joaquim Roriz) e Bruna Furlan (e Rubens Furlan, prefeito de Barueri). Bem estes são, evidentemente, alguns exemplos. Vamos parar por aqui, não sem antes lembrar que José Sarney foi eleito pela quarta vez presidente do Senado (quanto tempo falta para a aposentadoria? Ela não poderia ser compulsória já?).

Depois de ler tudo sobre a cerimônia de posse na internet, deu uma preguiça. Lembrei do período eleitoral e das fabulosas campanhas na telinha, que elegeu a maioria deste nobre time que irá cuidar do destino deste Brasil nos próximos quatro anos.

Lembrei também que sempre, ao final de um mandato, todo mundo comenta sobre o fraco desempenho da maioria dos deputados daquela gestão: este nunca mais ganha uma eleição; ou nunca mais voto naquele; ou ainda, precisamos renovar a Câmara; etc etc etc. É só começar um novo processo eleitoral que uma boa campanha de marketing apaga da memória dos eleitores todas estas discussões e lá vem o escrete novamente para mais quatro anos.

Ah, depois de tudo isso, foi inevitável me lembrar da famosa frase de De Gaulle. E é com ela comecei e termino este post: "Le Brésil n´est pas un pays sérieux".