segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fui a Brasília

Na Câmara, com inveja do Tiririca.
Neste final de semana voltei a Brasília, depois de dez anos. Morei lá por seis meses em 2001.

Dez anos... Como o tempo passa!

Fiz o roteiro de todo turista – que não fiz naquela época – e me lembrei de Macalé... mas vou atualizá-lo:

"Fui a Brasília
dei um quadro
de presente à maioral
Era um triângulo redondo
e ela até que achou legal."

O verso de Macalé – creio – foi para o Figueiredo. Se eu estiver errado, que me corrijam.

Adorei rever a Capital Federal – linda – e até me entusiasmei e sentei no lugar do Tiririca, do Romário, do Danrlei ou do Popó . Por um momento, experimentei aquela vontade de apertar o botãozinho e mudar os rumos do Brasil.

Ah, cheguei a São Paulo às 10 da noite, a tempo de assistir ao Oscar.

PS: Em tempo, hoje pela manhã, resolvi pesquisar a letra inteira de O Conto do Pintor e descobri que a música não é do Macalé. Ele apenas gravou este samba de breque – tenho o vinil – que originalmente era do repertório de Moreira da Silva.  Justiça seja feita, o samba é de Miguel Gustavo. Segue a Letra completa para quem não a conhece.

O Conto do Pintor (Miguel Gustavo)

Desembarquei fantasiado de pintor
No aeroporto já encontrei o Ibrahim
Fez um discurso e apresentou-me ao Dourado
que já de cara deu apartamento para mim.

- Moringueira vais levar um duplex?
- É o seguinte, eu não mereço, eu não mereço tanto. É muita gentileza sua.

Fomos direto ao museu de arte moderna
A grande obra de madame Guiomar
Condecorando-me com a ordem do vaqueiro
O Chateaubriand quase chegou a me estranhar


- Embaixador, deixa isso pra lá. Vossa excelência que é o admirador e protetor das artes do Brasil.

Mas ali mesmo demonstrei o meu talento
Pintei triângulos redondos e um quadrado todo oval
Eles olhavam perturbados e diziam
"Esse Moreira é um artista genial!"

Mais que depressa eu vendi noventa quadros
Depois de dar uns dois ou três em benefício
Entrevistado pelo Rubens do Amaral
eu respondi "ora, que nada, é meu ofício"

Pintei vassouras com feitio de espadas
Pintei espadas qual vassouras
Retirei-me do local
Mas a ilustríssima platéia delirava
"Esse Moreira é um artista genial!"

Pintei um quadro só por fora das molduras
Eu joguei tinta nas paredes todo mundo achou legal
Eu comi rosas e as madames exclamaram
"Esse Moreira é um artista genial!"

E eu que não pintava nem nos muros da Central!

Mais que depressa eu vendi noventa quadros
Depois de dar uns dois ou três em benefício
Entrevistado pelo Rubens do Amaral
eu respondi "ora, que nada, é meu ofício"

Pintei vassouras com feitio de espadas
Pintei espadas qual vassouras
Retirei-me do local
Mas a ilustríssima platéia delirava
"Esse Moreira é um artista genial!"

Fui à Brasília dei um quadro de presente ao maioral. Era um triângulo redondo, mas “Nonô“ achou legal.

Miguel Gustavo Werneck de Souza Martins (compositor, jornalista, poeta e radialista) nasceu no Rio de Janeiro em 1922 e faleceu em 22 de janeiro de 1972 aos 50 anos de idade. Era um cronista musical. Retratava em suas músicas o que de mais importante estava acontecendo nos meios sociais de sua época. Começou como discotecário da Rádio Vera Cruz em 1941. Mais tarde passou a escrever programas de rádio. Suas músicas foram gravadas por Elizete Cardoso (Partido baixo do partido alto e Achados e perdidos); Dircinha Batista (Carnaval pra valer); Jorge Veiga (Independência ou morte); Carminha Mascarenhas (Per omnia saecula saeculorum); Isaura Garcia (O samba do crioulo); com Linda Batista (Stanislau Ponte Preta); Aracy de Almeida (Conselho inútil, E dai ?...); Moreira da Silva (O Conto do Pintor); e muitos outros.

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