domingo, 20 de novembro de 2011

Os banhos ditos?


Porteira gonzando em hora de cristão recolhido. Hora desgraçada, cuzarruim de bote. A lua minguante minguava migalhas de luz. Caltabiano saiu afobado para avisar o povo de Ipurá que o Luizão havia enlouquecido, que estava “inté arrancados os cabelo”.

Galopeio, galopeio, galopeio.

No caminho, a chuva inesperada. A escuridão, misturada com o caminho pedregoso, fez com que a montaria hesitasse muitas vezes qual cavalo aguado, que nada faz com que siga adiante.

Duas léguas depois, Caltabiano chega às mangueiras da casa de siô Gervásio. Mais alguns metros e ele estava lá dentro, contando a desgraça, em volta do fogão de lenha, que aqueceu a dor. “Dor de bestar qualquer coração de pedra”, lembrava-se intermitente.

Seguinte – murmurou Caltabiano metade assustado, metade mensageiro: 

- Mal´acontecido se deu adiantante de Ipurá, cerca do chapadão. Num trio de boi estriado no morro, a mula desembestou, besta-fera na grimpa.

Velho Gervásio interrompeu, coração batendo cansado:

- Mas, diga lá, home: o que feis a mula desembestá?
- Talvezes carreira de preá, talvezes urutu sustada.

O silêncio fez-se. Sepulcral.

Os banhos ditos, por qual? Soturnidades, casmurrices, berneira que não sara.

Porteira gonzando em hora de cristão recolhido, hora desgraçada, hora itê.