sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Multas S/A

O trânsito Av. Rio Branco estava completamente parado na tarde daquela sexta-feira, 17 de dezembro de 2010. Um marronzinho tentava aliviá-lo da maneira que podia. Com o apito na boca e aquele gesto típico com o braço erguido induziu alguns motoristas a circularem pela faixa exclusiva dos ônibus. Esta foi sua estratégia. Brilhante decisão, pois o trânsito começou a melhorar, ainda que lentamente. Uma semana depois desta tarde congestionada um dos motoristas recebeu em casa a MULTA de R$ 127, que chegou acompanhada dos cinco pontos na carteira. Quem multou? O indefectível radar que flagra quem trafega pelo corredor de ônibus.

Esta história foi narrada com todas as letras na edição de hoje do Diário de São Paulo, que também publicou os números de uma das indústrias que mais faturam na cidade de São Paulo: a Indústria das Multas S/A, que conta hoje conta hoje com 577 radares (177 deles inteligentes, que flagram até os veículos que não passaram pela inspeção veicular e multam os motoristas em R$ 550) e 2.450 agentes de trânsito para controlar o trânsito e multar, multar, multar.

As histórias são muitas e todo mundo tem uma para contar. Eu tenho a minha: certa vez a multa chegou dizendo que eu estacionara na Av. Cruzeiro do Sul, em frente à Rodoviária, numa quarta-feira, às 8 da manhã. Na época morava numa travessa da Rua 13 de maio e trabalhava em Pinheiros. Nunca, nunquinha mesmo estaria em frente à rodoviária naquele horário e, mesmo que tivesse ido, não pararia meu veículo na Cruzeiro do Sul. Aliás, me recuso a buscar alguém na Rodoviária. Quem chegar à cidade que pegue o Metrô. No máximo eu pego o amigo ou parente numa estação na região da Paulista. Enfim, recorrer àquela multa me fez perder muito tempo e não deu em nada.

Outra história aconteceu com um amigo aqui do trabalho. Ele subia a Rebouças, para variar congestionada. No cruzamento com a Henrique Schaumann, o trânsito à frente parou. Então ele freou seu veículo antes da faixa aguardando que o trânsito fluísse. Porém, uma marronzinha soou apito e indicou que ele prosseguisse. Meu amigo o fez e então aconteceu: o farol fechou e ele ficou no meio do caminho. Dias depois chegou a multa, aplicada, talvez pela mesma marronzinha. A quem recorrer neste caso? Ao diretor de trânsito? Ao prefeito? Ao governador? Ou àquela marronzinha que o mandou prosseguir?

Finalizo este post com um testemunho. Todos os dias na minha volta pra casa, lá pelas 19h30/20h desço num supermercado na Av. Vital Brasil. Invariavelmente, neste horário dois ou três veículos da CET estão sempre estacionados e, dentro deles, os agentes de trânsito – que deveriam estar controlando o trânsito caótico daquela região – estão passando a limpo as multas do dia, que irão direto para os cofres da Indústria das Multas S/A. Será que eles ganham comissão por multa aplicada? Pergunto.  

O que fazer para acabar de vez com este problema? Uma solução é o cidadão vender seu veículo e utilizar o transporte público. Transporte público? Ah, ia me esquecendo. Este é outro problema!

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