terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A primeira enchente a gente nunca esquece

O amigo Elias Tobias clicou este raio... que não o partiu
“Estou há 50 minutos com o carro desligado no maior trânsito e na chuva!!!” – postou a amiga Helena, via celular, no seu Facebook durante o temporal que caiu na cidade nesta segunda-feira. Ela estava lá pelos lados de São Caetano. O que a amiga foi fazer em São Caetano? Ela mesma respondeu: “Ah, resolvi sair por aí e me perder... me enfiar pelas ruas e começar a dirigir nesta cidade louca!”

No meio daquele trânsito aquático e paquidérmico, Helena deve ter se lembrado de Brasília, sua cidade, onde não se tem notícias de enchentes e o trânsito – imagino – deve fluir sem muitos problemas, sobretudo às sextas, sábados e domingos, quando a maioria dos habitantes costuma visitar suas bases em outros estados.

Depois do post de Helena, veio uma enxurrada de comentários: “Como foi parar em São Caetano com tanto lugar aqui? Kkkkkkk”; “Isso indica que você só sai daí amanhã...”; “Ai, prima, cuidado por aí viu?”; “Vai inventar de ir para Sampa... vai... rsss”; “Nossa amiga, já me acostumei com as tardes paulistanas de Pinheiros e Vila Madalena... chuvas de pedra, trânsito paradadooooooooo... carros buzinando. como resolver o congestionamento?”; “Amiga... é demais. A que ponto chegamos, não?”; “Estou pegando o Metrô.” “Olha, uma caminhada em meio a tantos congestionamentos chega ser poético, mesmo que com os sapatos e meias molhadas.”

Helena finalizou postando: “Mil horas depois consegui sair do engarrafamento! Minha primeira enchente!!!! Quem está em São Paulo tem que passar por isso?... Para entender tive que sentir na pele. É o regime das águas que o Rafa tanto fala misturado com 5 zilhões de carros e mais o chão impermeabilizado pelo asfalto.”

Hoje falei com Helena por e-mail e então ela me contou que saiu de Pinheiros para São Caetano. Um detalhe importante: ela havia dirigido umas dez vezes, no máximo, aqui em São Paulo e nunca tinha saído do perímetro Vila Madalena/USP. Apesar do temporal na ida, ela não se perdeu e conseguiu chegar ao destino. Mas, na volta, a chuva aumentou muito e ela se viu parada no epicentro de um congestionamento interminável perto de um tal Morro do Urubu, ao lado de um rio. A chuva diminuiu e nada de os carros andarem. Aí, segundo ela, foi o melhor momento: os motoristas deixaram seus veículos e passaram a conversar e os motoqueiros que passavam, voltavam com a informação de que nem um trator passaria pela enchente lá na frente.

Helena, lembro-me vagamente de um conto dos anos 80 de Ignácio de Loyola Brandão. O personagem fica parado dentro de seu carro na Marginal Tietê durante semanas, pois o trânsito travara inexoravelmente. Um prenúncio? Naquela época a cidade começava a dar seus primeiros sinais que um dia, lá pelo distante 2011, começaria a travar como no conto do Loyola. 

Ontem, enquanto você estava presa no congestionamento, eu tomei o Metrô daqui do centro até a Estação Sumaré. Gastei quase meia hora. Então fui até a Cardeal Arcoverde enfrentar de ônibus os poucos quilômetros restantes até a minha casa. Gastei uma hora. No ano passado cheguei a descer várias vezes a Cardeal a pé até o Largo de Pinheiros.

O quase metrô da linha Amarela vai completar um ano em maio e até agora nada. Só funciona até as três da tarde. Ele resolveria parte dos problemas de que estuda na USP ou mora por aquelas bandas, como é o meu caso. Maio está chegando e já podemos começar a preparar a festa de um aninho do quase metrô da linha amarela.

Minha querida, voltando ao início deste post, a primeira enchente a gente nunca esquece e ela traz na correnteza muitas histórias, como esta, pra gente se divertir.

Um comentário:

  1. Querido Dirceu, ler tudo o que passei em suas palavras é realmente incrível!! Dei muitas risadas lembrando dos momentos de raiva e de diversão que passei dentro do carro, todo embaçado, esperando o rio engolir aquela água que me impedia de seguir!!
    Certamente, nunca esquecerei!
    Bjs
    Helena

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