terça-feira, 29 de março de 2011

Um deputado anacrônico no século XXI

Segundo o dicionário Houaiss, o adjetivo anacrônico data de 1863. Seu significado: 1) que apresenta anacronismo; que contraria a cronologia; 2) que está em desacordo com os usos e costumes de uma época; 3) contrário ao que é moderno; retrógrado.

Não vou comentar neste post a entrevista veiculada ontem pelo CQC, da BAND, com o deputado Jair Bolsonaro. Foi o assunto mais comentado do dia nas redes sociais e, nos principais sites, só perdeu espaço para a morte de José de Alencar.

Não vi o CQC, pois acho um programa muito chato, mas vi, é claro, no Youtube. Depois de ouvir o deputado responder que tem saudades da ditadura e dos generais presidentes; e perceber pelas suas respostas, que sofre de homofobismo e racismo crônicos, lembrei-me do adjetivo anacrônico. Como é que um ser com ideias anacrônicas como aquelas foi eleito para representar o importante estado do Rio de Janeiro no Congresso Nacional?

Bem, eu disse que não iria comentar o assunto e nem vou. Deixo apenas um alerta para que, nas próximas eleições, os eleitores brasileiros pesquisem de fato as ideias de seus candidatos e votem naqueles que olham para muito além desta década e não elejam aqueles que ainda vivem com as ideias da época em que o nosso adjetivo em questão foi criado.

Bem, para quem ainda não assistiu a absurda entrevista, segue o link:

quinta-feira, 24 de março de 2011

País & cidade & livros

Cadê os livros?
Um país se faz com homens e livros – cravou para o imaginário da cultura nacional o nosso Monteiro Lobato. Consequentemente, uma cidade se faz com homens e livros...

Menos em Brasília.

A notícia, veiculada nos últimos dias me estarreceu: Biblioteca de Brasília não empresta seus livros por falta de sensores, dizem as manchetes.

Motivo? Inaugurada há dois anos, nenhum dos 100 mil livros do acervo foi emprestado até hoje porque ainda não existem os sensores de segurança que impedem que os livros possam ser locados ou, simplesmente, consultados.

Resultado: a Biblioteca Nacional de Brasília é um local onde as pessoas podem levar seus próprios livros e ficar lá horas a fio sentadas lendo no silêncio imponente do local.

E tem mais: a verba disponível para a aquisição de novos exemplares em 2010 foi devolvida ao tesouro porque a direção da biblioteca diz que “devolveu o dinheiro em função da burocracia”.

As instalações da Biblioteca Nacional de Brasília custaram aos cofres públicos
R$ 42 milhões. Em seus dois primeiros anos, o edifício, pronto, ficou à espera de livros. Porém, assim que eles chegaram, ficaram retidos nas prateleiras pela falta do inevitável sensor, que impede sua utilização. Esta situação persiste até hoje. Ufa! Ainda bem que não é o censor!

Um exemplo oposto é a Biblioteca de São Paulo, inaugurada pelo governo paulista em fevereiro de 2010 na Zona Norte... com todos os livros cadastrados e com os sensores funcionando perfeitamente. A Biblioteca do Carandiru, como também é conhecida, recebe um público diário de mil pessoas, em média, além de manter uma extensa programação de cursos, palestras, encontros com escritores, shows, teatro etc etc.

Do outro lado da cidade, na USP, Zona Oeste, as obras da Biblioteca de José Mindlin estão quase no fim, enquanto, paralelamente, o seu acervo está sendo digitalizado.

A pergunta que não quer calar: por que a Biblioteca Nacional de Brasília não se espelha na iniciativa paulista e libera de vez seu acervo para os ávidos leitores da Capital Federal?

Os livros estão todos lá e, suas páginas, com certeza, apontam os caminhos que ajudarão muitos brasileiros a descobrir novos horizontes que contribuirão para construção de um novo Brasil.  

segunda-feira, 21 de março de 2011

PROCURA-SE

Procura-se uma paz
Travestida de um seguro cais.

Atende também
Pelo nome realidade.

Diz-se, pelos becos escuros
Terem-na visto
Pela última vez
Perdida
Em algum estreito
Desta comprida vida
Em meio a tormentas
E tempestades.

Paga-se bem
A quem
Por primeiro
Encontrar
Seu paradeiro.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Eu também quero

Maria Bethânia terá R$ 1,3 milhão para criar blog. Esta foi a nota de abertura da coluna Mônica Bergamo na Folha de São Paulo nesta quarta-feira.

A nota conta que a ideia é que o blog "O Mundo Precisa de Poesia" traga diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras. A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington.

Quando criei o Blog do Dirceu, em dezembro do ano passado, não sabia que o Ministério da Cultura autorizava a captação para este tipo de atividade. Será que eu ainda posso captar, ou terei que criar um novo blog?... Porque eu também QUERO!

Não precisa ser essa montanha de dinheiro que a Bethânia vai levar, mesmo porque o meu blog não tem a pretensão de ser um blog milionário. Basta uma porcentagenzinha deste montante para que pare tudo o que estou fazendo e passe a dedicar os 365 dias por ano ao Blog do Dirceu. Um blog que foi criado porque acredita que o mundo precisa, sim, de muita poesia.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Coruja pro mato que o jogo é de campeonato

Não consigo imaginar quais e quantas minhocas passaram cabeça do zagueirão panamenho Luis Moreno, que atua na Colômbia.

Imaginem a cena: o estádio lotado, o time da casa (Junior de Barranquilla) vencendo por 2x1 o visitante (Deportivo Pereira) e de repente a bola acerta uma coruja, a mascote do time da casa.

O juiz para o jogo para a retirada do bichinho. O que faz o zagueiro do time visitante? Sai correndo para socorrer a mascote toda grogue com a bolada? Não! Como todo mau zagueirão, corre e dá um bico na coruja arremessando-a pro mato... que o jogo era de campeonato.

A cena causou a revolta de jogadores e torcedores, que vaiaram o atleta. Imediatamente a mascote foi encaminhada a uma clínica veterinária, mas não resistiu e morreu. Moreno já foi notificado pelo Departamento Administrativo do Meio Ambiente de Barranquilla e será processado. Além disso, seu clube o suspendeu por dois jogos e ele ainda terá que pagar multa de R$ 930. É pouco.

No domingo passado quando cheguei ao Memorial JK, em Brasília, lembrei-me da querida amiga Izolda Cremonini. Quem me recebeu no belo jardim no entorno do monumento a Juscelino Kubitschek foi a simpática coruja da foto acima. Izolda ama de tal maneira as corujas que mantém uma rica coleção de mimos alusivos a esta majestosa e encantadora ave. Os amigos sabem da coleção e sempre que viajam e encontram uma diferente trazem para a amiga aumentar a sua coleção. O meu clic foi exatamente para Izolda. A corujinha de Brasília já foi enviada à amiga por e-mail em alta.

Talvez no mesmo momento do meu clic em Brasília, o zagueirão Luis Moreno fazia a sua lambança em Barranquilla. Espero que ele nunca venha jogar aqui no Brasil, pois muitos dos nossos estádios estão cheios de quero-quero, que muitas vezes recebem inevitáveis boladas. Lembro do “animal” Edmundo todo meigo socorrendo o bichinho para delírio da torcida. Ouviu, Luis Moreno! Se você tivesse se espelhado no nosso “animal” sairia ovacionado do campo e, até talvez, o seu time tivesse dado a volta por cima e vencido o jogo.

CERTEZAS













É o medo de se perder na floresta
É a certeza de olhar pro céu
E encontrar o cruzeiro do sul.

É o medo do nada que resta
É a certeza de encontrar no tudo
Tudo o que se espera.

Nos cantos chorar o medo
Nos panos enxugar
As lágrimas, roucas.

É o medo de se perder na floresta
É a certeza de olhar pro céu
E encontrar o cruzeiro do sul.

É o medo do tudo que se nega
É a certeza de encontrar no nada
Nada que se integra.

Nos cantos exaltar o medo
Nos panos encobrir
As glórias, poucas.

É o medo de se perder na floresta
É a incerteza de olhar pro céu
E o céu estar nublado.

terça-feira, 1 de março de 2011

No sábado tem o Carnaval dos Bonecões






















No próximo sábado (5), a partir da uma da tarde, chova ou faça sol, os Bonecões de Carnaval da professora e folclorista Neide Rodrigues Gomes irão desfilar em frente ao Museu da Língua Portuguesa e Pinacoteca do Estado.

Para engrossar a folia, virão cerca de 30 bonecões no Município de São Sebastião. O desfile – super informal – será animado pela Banda de Joanópolis. O evento, realizado desde 2008 pelo Museu da Língua Portuguesa, tem por objetivo resgatar o tradicional carnaval de rua da Cidade de São Paulo. Eu estarei lá.