quinta-feira, 24 de março de 2011

País & cidade & livros

Cadê os livros?
Um país se faz com homens e livros – cravou para o imaginário da cultura nacional o nosso Monteiro Lobato. Consequentemente, uma cidade se faz com homens e livros...

Menos em Brasília.

A notícia, veiculada nos últimos dias me estarreceu: Biblioteca de Brasília não empresta seus livros por falta de sensores, dizem as manchetes.

Motivo? Inaugurada há dois anos, nenhum dos 100 mil livros do acervo foi emprestado até hoje porque ainda não existem os sensores de segurança que impedem que os livros possam ser locados ou, simplesmente, consultados.

Resultado: a Biblioteca Nacional de Brasília é um local onde as pessoas podem levar seus próprios livros e ficar lá horas a fio sentadas lendo no silêncio imponente do local.

E tem mais: a verba disponível para a aquisição de novos exemplares em 2010 foi devolvida ao tesouro porque a direção da biblioteca diz que “devolveu o dinheiro em função da burocracia”.

As instalações da Biblioteca Nacional de Brasília custaram aos cofres públicos
R$ 42 milhões. Em seus dois primeiros anos, o edifício, pronto, ficou à espera de livros. Porém, assim que eles chegaram, ficaram retidos nas prateleiras pela falta do inevitável sensor, que impede sua utilização. Esta situação persiste até hoje. Ufa! Ainda bem que não é o censor!

Um exemplo oposto é a Biblioteca de São Paulo, inaugurada pelo governo paulista em fevereiro de 2010 na Zona Norte... com todos os livros cadastrados e com os sensores funcionando perfeitamente. A Biblioteca do Carandiru, como também é conhecida, recebe um público diário de mil pessoas, em média, além de manter uma extensa programação de cursos, palestras, encontros com escritores, shows, teatro etc etc.

Do outro lado da cidade, na USP, Zona Oeste, as obras da Biblioteca de José Mindlin estão quase no fim, enquanto, paralelamente, o seu acervo está sendo digitalizado.

A pergunta que não quer calar: por que a Biblioteca Nacional de Brasília não se espelha na iniciativa paulista e libera de vez seu acervo para os ávidos leitores da Capital Federal?

Os livros estão todos lá e, suas páginas, com certeza, apontam os caminhos que ajudarão muitos brasileiros a descobrir novos horizontes que contribuirão para construção de um novo Brasil.  

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Quando leio algo triste assim costumo ir à fonte, na minha opinião melhor foco de manifestação. No site da Biblioteca de Brasília encontrei um esclarecimento: http://www.bnb.df.gov.br/index.php/sala-de-imprensa/item/518-nota-de-esclarecimento-%C3%A0-imprensa
    Pela explicação dada, não é um problema de concepção (que Brasília não acha que uma cidade se faz com homens e livros). É um problema burocrático que merece sim ser denunciado e acompanhado.
    Ao final, apresenta a intenção de disponibilizar o acervo em 2012.

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  3. Cara Luciana, é estarrecedor ler o esclarecimento da direção da Biblioteca e constatar que a obra foi entregue à comunidade em 12 de dezembro de 2008 e, desde então, os usuários não puderam emprestar um livro sequer... Por problemas burocráticos. Quando eu disse no post: “Consequentemente, uma cidade se faz com homens e livros... Menos em Brasília.”, meu objetivo não foi criticar a cidade e seus habitantes, mas sim a burocracia e os burocratas que não conseguiram até hoje resolver um problema básico quando se cria uma biblioteca: como blindar seu acervo de possíveis subtrações de “leitores” mal intencionados. Bem, ao final da nota, eles prometem a liberação do acervo para 2012. Humm! Espero que cumpram esse prazo e não demorem mais outro tanto para liberar os livros para a comunidade brasiliense.

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  4. Sabe o que seria interessante? Que um brasiliense bem disposto criasse uma biblioteca circulante próxima à oficial, onde as pessoas pudessem levar e deixar seus livros livremente. Tenho certeza que prestaria muito serviço com o mínimo de segurança! Nossa burrocracia ainda nos mata!

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  5. OI Luciana,
    A ideia é maravilhosa. Quem sabe alguém, após ler este post e o seu comentário, se disponha a montar essa biblioteca. Abraços.

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