Hoje, finalmente, instalei a 5ª Edição do Dicionário Aurélio no meu computador. O original, em papel, fica na estante para eu consultar no caso do apagão... Cada vez mais frequente na nossa São Paulo. Ao contrário dos puristas, prefiro pesquisar no computador. A consulta é mais rápida e quando vou à caça de uma palavra, acabo por descobrir novas e redescobrir tantas outras.
E são muitas as palavras. O acervo é de mais de cinco milhões de ocorrências, já computadas as cerca de três mil palavras mais frequentes na língua escrita contemporânea. A partir de agora, você pode tuitar à vontade sem medo de errar porque eu tuito, nós tuitamos e eles tuitam. Está lá no Aurélio, assim como flex, test drive e ricardão.
Depois de instalado, num gesto abrupto, pus-me a navegar pelo Guia Rápido da Nova Ortografia. Embora eu tenha lido bastante sobre o assunto e até assistido a uma palestra do especialista professor Ataliba, parei mais uma vez na questão do hífen... Eta sinalzinho chato! Quase caí quando descobri que o adjetivo abrupto agora tem que ser grafado ab-rupto, porque a regra diz que usa-se o hífen quando os prefixos AB, OB, SOB e SUB aparecerem antes de B, H ou R.
Os responsáveis pela reforma ortográfica capricharam no quesito hífen. No caso da regra prefixo termina em vogal + vogal igual – usa-se o hífen quando o prefixo terminar em vogal e a segunda palavra começar por vogal igual. Assim, antes grafávamos sem hífen as palavras antiinflamatório, arquiinimigo, microondas e microorganismo. Agora, elas se tornaram anti-inflamatório, arqui-inimigo, micro-ondas e micro-organismo.
Ai que nó! E a regra para as palavras que perderam a noção de composição? Não se usa o hífen em palavras compostas: o manda-chuva de antes virou mandachuva e o pára-quedas, paraquedas. No caso deste último tem o agravante do para (antigo pára), que perdeu o acento quando flexionado na terceira pessoa do presente do indicativo.
Assim, antes da reforma, a sentença O carro pára para o pedestre passar ficou chata. O carro para para o pedestre passar. Como o meu Word ainda não está adaptado à nova ortografia, ele acabou de tentar me corrigir na segunda frase. Ele quer que eu acentue o primeiro para ou elimine um deles.
Mais alguns exemplos: autoajuda virou auto-ajuda e aquele velho e bom filme em superoito, super-oito. Mas eu me peguei mesmo foi com o ab-rupto. Em tempo, o dicionário eletrônico traz uma inovação que é a locução dos exemplos por uma moça de voz suave. Ela diz ABRUTO, como antigamente e não AB – RUPTO.
Depois de muito navegar descobri que a equipe que atualizou a 5ª Edição do Dicionário Aurélio só se esqueceu de registrar o verbete Aurélio, porque este definitivamente é sinônimo de dicionário.
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