domingo, 20 de novembro de 2011

Os banhos ditos?


Porteira gonzando em hora de cristão recolhido. Hora desgraçada, cuzarruim de bote. A lua minguante minguava migalhas de luz. Caltabiano saiu afobado para avisar o povo de Ipurá que o Luizão havia enlouquecido, que estava “inté arrancados os cabelo”.

Galopeio, galopeio, galopeio.

No caminho, a chuva inesperada. A escuridão, misturada com o caminho pedregoso, fez com que a montaria hesitasse muitas vezes qual cavalo aguado, que nada faz com que siga adiante.

Duas léguas depois, Caltabiano chega às mangueiras da casa de siô Gervásio. Mais alguns metros e ele estava lá dentro, contando a desgraça, em volta do fogão de lenha, que aqueceu a dor. “Dor de bestar qualquer coração de pedra”, lembrava-se intermitente.

Seguinte – murmurou Caltabiano metade assustado, metade mensageiro: 

- Mal´acontecido se deu adiantante de Ipurá, cerca do chapadão. Num trio de boi estriado no morro, a mula desembestou, besta-fera na grimpa.

Velho Gervásio interrompeu, coração batendo cansado:

- Mas, diga lá, home: o que feis a mula desembestá?
- Talvezes carreira de preá, talvezes urutu sustada.

O silêncio fez-se. Sepulcral.

Os banhos ditos, por qual? Soturnidades, casmurrices, berneira que não sara.

Porteira gonzando em hora de cristão recolhido, hora desgraçada, hora itê.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Perder, ganhar, viver


No dia 5 de julho de 1982 o Brasil inteiro sofreu com o “desastre de Sarriá”. A nossa melhor seleção deixava Copa da Espanha depois de disputar – e perder – um dos mais emocionantes jogos da história. Para o Brasil bastava empate contra uma Itália até então capenga. Mas, da caixinha de surpresas do futebol, como num passe de mágica, saltou um certo Paolo Rossi.

No dia 21 de julho de 1982, Carlos Drummond de Andrade brindou seus leitores do Jornal do Brasil com a crônica Perder, ganhar, viver. O Chico Caruso fez a caricatura, que reproduzo aqui no blog.

Lembrei-me desta crônica e falei entusiasticamente com a amiga Elisabete que trabalha comigo sobre o seu conteúdo e a delícia que era ler Drummond. Você conhece essa crônica, Bete? De quando é? Saiu no Jornal do Brasil em 1982. Dirceu! Eu nasci em 1983. Huummmm. Disfarça, vira a página.

Bete querida, corri à internet e achei a crônica e a caricatura dos mestres.

Vi gente chorando na rua, quando o juiz apitou o final do jogo perdido; vi homens e mulheres pisando com ódio os plásticos verde-amarelos que até minutos antes eram sagrados; vi bêbados inconsoláveis que já não sabiam por que não achavam consolo na bebida; vi rapazes e moças festejando a derrota para não deixarem de festejar qualquer coisa, pois seus corações estavam programados para a alegria; vi o técnico incansável e teimoso da Seleção xingado de bandido e queimado vivo sob a aparência de um boneco, enquanto o jogador que errara muitas vezes ao chutar em gol era declarado o último dos traidores da pátria; vi a notícia do suicida do Ceará e dos mortos do coração por motivo do fracasso esportivo; vi a dor dissolvida em uísque escocês da classe média alta e o surdo clamor de desespero dos pequeninos, pela mesma causa; vi o garotão mudar o gênero das palavras, acusando a mina de pé-fria; vi a decepção controlada do presidente, que se preparava, como torcedor número um do país, para viver o seu grande momento de euforia pessoal e nacional, depois de curtir tantas desilusões de governo; vi os candidatos do partido da situação aturdidos por um malogro que lhes roubava um trunfo poderoso para a campanha eleitoral; vi as oposições divididas, unificadas na mesma perplexidade diante da catástrofe que levará talvez o povo a se desencantar de tudo, inclusive das eleições; vi a aflição dos produtores e vendedores de bandeirinhas, flâmuIas e símbolos diversos do esperado e exigido título de campeões do mundo pela quarta vez, e já agora destinados à ironia do lixo; vi a tristeza dos varredores da limpeza pública e dos faxineiros de edifícios, removendo os destroços da esperança; vi tanta coisa, senti tanta coisa nas almas...

Chego à conclusão de que a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da vida. Tanto quanto a vitória estabelece o jogo dialético que constitui o próprio modo de estar no mundo. Se uma sucessão de derrotas é arrasadora, também a sucessão constante de vitórias traz consigo o germe de apodrecimento das vontades, a languidez dos estados pós-voluptuosos, que inutiliza o indivíduo e a comunidade atuantes. Perder implica remoção de detritos: começar de novo.

Certamente, fizemos tudo para ganhar esta caprichosa Copa do Mundo. Mas será suficiente fazer tudo, e exigir da sorte um resultado infalível? Não é mais sensato atribuir ao acaso, ao imponderável, até mesmo ao absurdo, um poder de transformação das coisas, capaz de anular os cálculos mais científicos? Se a Seleção fosse à Espanha, terra de castelos míticos, apenas para pegar o caneco e trazê-lo na mala, como propriedade exclusiva e inalienável do Brasil, que mérito haveria nisso? Na realidade, nós fomos lá pelo gosto do incerto, do difícil, da fantasia e do risco, e não para recolher um objeto roubado. A verdade é que não voltamos de mãos vazias porque não trouxemos a taça. Trouxemos alguma coisa boa e palpável, conquista do espírito de competição. Suplantamos quatro seleções igualmente ambiciosas e perdemos para a quinta. A Itália não tinha obrigação de perder para o nosso gênio futebolístico. Em peleja de igual para igual, a sorte não nos contemplou. Paciência, não vamos transformar em desastre nacional o que foi apenas uma experiência, como tantas outras, da volubilidade das coisas.

Perdendo, após o emocionalismo das lágrimas, readquirimos ou adquirimos, na maioria das cabeças, o senso da moderação, do real contraditório, mas rico de possibilidades, a verdadeira dimensão da vida. Não somos invencíveis. Também não somos uns pobres diabos que jamais atingirão a grandeza, este valor tão relativo, com tendência a evaporar-se. Eu gostaria de passar a mão na cabeça de Telê Santana e de seus jogadores, reservas e reservas de reservas, como Roberto Dinamite, o viajante não utilizado, e dizer-lhes, com esse gesto, o que em palavras seria enfático e meio bobo. Mas o gesto vale por tudo, e bem o compreendemos em sua doçura solidária. Ora, o Telê! Ora, os atletas! Ora, a sorte! A Copa do Mundo de 82 acabou para nós, mas o mundo não acabou. Nem o Brasil, com suas dores e bens. E há um lindo sol lá fora, o sol de nós todos.

E agora, amigos torcedores, que tal a gente começar a trabalhar, que o ano já está na segunda metade?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ESTRAFEGO


É uma vontade de entreter
O palhaço neste circo
Que, já na lona,
Insiste em ficar à tona.

É uma vontade de correr
Cigano neste circo
E ser picadeiro
E viver o sonho derradeiro.

Ah! ... (uma contra vontade)

Um ligar botões
E preguiçosamente
Esparramar-me na poltrona
E ver o circo pegar fogo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Oswald de Andrade: o culpado de tudo

A nova exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa celebra a obra de Oswald de Andrade, um dos mais controversos escritores brasileiros. 

A curadoria é de José Miguel Wisnik, com a curadoria-adjunta de Cacá Machado e Vadim Nikitin, e consultoria de Carlos Augusto Calil e Jorge Schwartz. O projeto expográfico é de Pedro Mendes da Rocha.

A frase “Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas”, escrita pelo escritor em 1933 no verso da folha de rosto da edição original de Serafim Ponte Grande, foi o ponto de partida dos idealizadores da exposição. Em Oswald de Andrade: o culpado de tudo, o público terá a oportunidade de conhecer profundamente o polêmico escritor, um dos criadores da Semana de Arte Moderna.

Wisnik conta que “o projeto teve por objetivo organizar uma exposição sobre Oswald de Andrade, reforçando seu papel decisivo para a formação da cultura contemporânea e destacando a consistência de sua obra, de maneira a que a sua atualidade esteja patente sem que se perca de vista a situação histórica em que ela foi gerada.”

A exposição contempla três dimensões de leitura: poética, Histórico-biográfica e filosófica. Essas dimensões não devem ser entendidas como “partes” em que se divide a exposição, mas como níveis de manifestação da vida-e-obra que se articulam de maneira inseparável no processo expositivo.

Dimensão Poética: Não se falará estritamente de poesia, mas da poética da forma, do envolvimento com a linguagem em todos os seus aspectos. Oswald é um escritor muito próximo das artes visuais, pioneiramente consciente das implicações técnicas trazidas pela reprodutibilidade da arte, dialogando com a fotografia, o cinema, o cartaz. A exposição terá como ponto de partida os princípios formais que ele mesmo traçou no Manifesto da Poesia Pau-Brasil: agilidade, síntese, equilíbrio geômetra, acabamento técnico, invenção e surpresa.

A condensação do pensamento em frases e boutades, a verve anedótica, a paródia, o fragmento, o design, o reclame, a espacialização das palavras na página, são, todos, procedimentos de economia verbal, altamente visualizáveis, de cuja agilidade dessacralizante a exposição não ficará a dever.

Dimensão Histórico-biográfica: Poucos escritores têm, como Oswald, uma biografia que é também um diagrama de seu tempo. O jovem burguês viajante boêmio acompanhando in loco os movimentos da vanguarda europeia nos anos 10; o artífice do movimento modernista e agitador antropofágico, poeta e autor de narrativas experimentais na década de 20; o dilapidador de fortuna arruinado pela crise de 29, militante comunista editando O Homem do Povo, “casaca de ferro da Revolução Proletária”, escrevendo romance cíclico e teatro cáustico na década de 30; o intelectual em ruptura com a ortodoxia estalinista, retomando a vertente utópica do seu pensamento em textos de fôlego discursivo e filosofante, nos anos 40, e condenado ao ostracismo na fase final, até a morte em 1954, são figuras gritantes dos grandes temas ideológicos da primeira metade do século XX, indo da belle époque ao segundo pós-guerra.

Duplas criativas, formadas a cada momento entre Oswald e Mário, Oswald e Tarsila, Oswald e Blaise Cendrars, Oswald e Pagu, Oswald e Flavio de Carvalho, são significativas dos trânsitos culturais envolvidos, e são objeto de tratamento expositivo. Os espaços do hotel, do automóvel, da garçonnière, do navio, da ferrovia e da estação de trem, sempre em forte ligação com a cidade São Paulo, e redobrados pela própria inserção do Museu da Língua na Estação da Luz, têm um valor decisivo para a concepção espacial da exposição.

Dimensão Histórico-biográfica: Oswald de Andrade é um pensador original da cultura contemporânea e da inserção original do Brasil nesse quadro. A exposição deve contrapor-se a toda e qualquer visão epidérmica desse pensamento, ressaltando o que há de rigoroso e radical nos seus critérios, mesmo quando sob a forma do epigrama, que Oswald leva a consequências inéditas. Sua influência marcante a partir dos anos 60, graças às intervenções fortes da poesia concreta, do Teatro Oficina e do movimento tropicalista, pode ser entendida também pelo que havia de antecipatório em suas ideias: questões como as do sentimento órfico contra o produtivismo prometeico encontram-se depois no Eros e civilização de Herbert Marcuse; a ideia da revolução sexual e da utopia do matriarcado se vê em Wilheim Reich; o primitivismo tecnológico pode ser reconhecido na “aldeia global” de McLuhan.

A exposição fica em cartaz até o final de janeiro de 2012. Espero vocês lá.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Quer trocar seu carro por um passe vitalício?

... É só ir até a cidade de Múrcia, na Espanha. A prefeitura local adotou uma medida inusitada para incentivar seus cidadãos a adotarem o transporte público e, com isso, amenizar o caos no trânsito. Qualquer murciano que entregar seu carro quitado, novo ou velho, ganhará um bilhete de trem para o resto da vida.

O projeto foi batizado como Mejor en Tranvía e foi precedido por uma intensa campanha nas mídias sociais. Os primeiros carros trocados pela passagem vitalícia foram expostos em algumas ruas da cidade e, gradativamente, desmontados por mecânicos. Alguns veículos foram dispostos no centro da cidade com o propósito de chamar a atenção para a falta de estacionamento no local.

Múrcia tem apenas 380 mil habitantes. Assim fica fácil.

Imagina o Kassab implantando um projeto como esse aqui em São Paulo. Você trocaria seu carro por um bilhete único para toda a vida para os Trens da CPTM e Metrô? São Paulo tem cerca de 6 milhões de veículos. Se tirarmos os motoristas de dentro desses carros e os colocarmos no transporte público num final de tarde, imagina como é que vai ficar o metrô para a Zona Leste? 

domingo, 2 de outubro de 2011

O sequestro do Santa Maria

Na sexta liguei para o meu amigo Ludenbergue Góes.

E aí, Góes? Quando será o lançamento de O sequestro do Santa Maria – um sonho de liberdade? Eu quero o seu autógrafo no livro... e também aproveitar a efeméride para encontrar um monte de amigos... e beber muito vinho!

Do outro lado, Góes soltou a frase que eu não queria ouvir: ah, Dirceu, eu não gosto deste negócio de noite autógrafos. Poxa, Góes, você tem mais é que fazer uma noite festiva para lançar o livro. Não gosto desse negócio – insistiu.

Bem, ao final do nosso papo ele se quedou: vou ver com a editora.

Góes querido, escrever um livro, conseguir uma editora e publicá-lo só tem graça se tiver noite de autógrafos. Faz parte. Você não tem como fugir. Mas enquanto não rola essa noite, vou antecipar aqui a pérola que você lapidou: o sequestro do Santa Maria. Muita gente não deve a mínima noção que sequestro foi esse. Entonces, segue um introito para aguçar a curiosidade de quem quiser saber como essa história terminou:

O sequestro do navio Santa Maria aconteceu na madrugada de 22 de janeiro de 1961. O transatlântico “Santa Maria” – um dos dois mais luxuosos navios de Portugal – navegava pelo mar do Caribe, levando a bordo mais de 600 passageiros de diversas nacionalidades e 350 tripulantes portugueses. O que deveria ser um alegre e tranquilo cruzeiro marítimo transformou-se numa epopeia que poderia ter mudado a história da península ibérica. Pelo menos era esse o objetivo dos sequestradores.

“A maior parte da tripulação e dos passageiros dormia. De repente, as duas portas da ponte se abrem ao mesmo tempo e dois grupos armados invadem a sala iluminada apenas pelos instrumentos de navegação, um a bombordo, outro a estibordo. Há um rápido tiroteio e, acesas as luzes, o terceiro piloto e o navegador estão caídos, gravemente feridos. Poucos minutos depois, o navio está nas mãos de um grupo formado por portugueses e espanhóis que pretendiam levá-lo, sigilosamente, para África e de lá iniciar um movimento para derrubar as ditaduras de António de Oliveira Salazar, em Portugal, e Francisco Franco, em Espanha.”

“Colocando os sentimentos humanitários acima dos objetivos políticos, para proporcionar assistência médica adequada aos feridos, os sequestradores alteraram a rota prevista, permitindo a sua localização e perseguição por navios e aviões de vários países.”

“A epopeia veio a terminar no Brasil, com a entrega do navio, mas, durante 13 dias, o “Santa Maria” foi notícia nos jornais de quase todo o mundo e a “Operação Dulcinéia” atingiu um dos seus objetivos, chamando a atenção do mundo inteiro para a falta de liberdade em Portugal e Espanha.”

Essa história poderia cair no esquecimento se o amigo Góes não se dispusesse a contá-la em todos os detalhes. Para saber como a história irá terminar, é só comprar o livro O sequestro do Santa Maria – um sonho de liberdade em alguma livraria ou esperar que o amigo ou sua editora (a Cia. dos Livros Editora) promova uma noite de lançamento para que a gente não só pegue o seu precioso autógrafo, mas, também, tome aquele vinhozinho e fique jogando conversa fora enquanto o amigo aguenta a fila que inevitavelmente se formará, mesmo contra a sua vontade.

Sucesso Góes!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Você já foi a Tuvalu, nega?

Eu quero ser adido cultural do Brasil em Tuvalu

Fica logo ali... do outro lado do mundo. Eu pesquisei na internet: Tuvalu é um Estado da Polinésia formado por um grupo de nove atóis, antigamente chamado Ilhas Ellice. Tem fronteiras marítimas com o Kiribati, a norte e a nordeste, com o território neozelandês de Tokelau, a leste, com Samoa, a sudeste, com o território francês de Wallis e Futuna a sul e com Fiji, também a sul, e fica estrategicamente localizado no sul da Oceania. A oeste o vizinho mais próximo é as Ilhas Salomão, mas a distância entre os dois grupos de ilhas é bastante grande (cerca de 900 quilômetros quadrados).

Oficialmente, Funafuti é a capital, mas este atol é formado por mais de 30 ilhas, das quais a maior é Fongafale; nesta ilha há quatro povoações, entre as quais Vaiaku é onde se encontra o governo; por essa razão, por vezes, a capital de Tuvalu é chamada Fongafale ou Vaiaku. 92% da população é tuvaluana, já 8% é formada por outros grupos polinésios principalmente os que veem de Kiribati. A divisão administrativa de Tuvalu é composta por nove ilhas. O nome "Tuvalu" significa "grupo de oito", na língua tuvaluana, e simboliza suas oito ilhas que atualmente são habitadas.

Por que falei deste paraíso perdido no Pacífico, ao sul da Oceania?  Para relembrar um fato que passou meio batido de todo mundo. É que este belo país de 13 mil habitantes conta, desde 2010, com uma Embaixada Brasileira. Confiram o decreto no link http://bit.ly/d8GqoF.

Imagino os incríveis negócios que o nosso diplomata local irá fazer com os tuvaluanos. O forte da economia deles é a copra, a polpa seca do coco, e o pandano, uma planta comestível  também usada em artesanato. Não vejo a hora desta última chegar ao Brasil para eu refogá-la ou fazer uma salada.

Mas afinal, o que é um pandano? Será que tem no Houaiss? Pera aí! Vou procurar...

E não é que tem:

Pandano: designação comum às árvores do gênero Pandanus, da família das pandanáceas, que reúne 700 spp., algumas marítimas, reófilas de áreas montanhosas ou epífitas, várias semelhantes a palmeiras, com raiz pivotante, tronco ger. ereto, folhas em roseta terminal, us. em obras trançadas e como coberturas de casas, e frutos fibrosos, comestíveis [Ocorrem em regiões tropicais da África, da Ásia (esp. Malásia), Austrália e Pacífico, e algumas tb. são cultivadas como ornamentais, para extração de tintura, para produção de perfumes etc.]

Ah, uma palmeira! Viva o Verdão.


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A preço de banana... em Nova York

Neste final de semana vou pegar minha sacolinha e fazer a feira... em Manhattan. Descobri hoje no Radar Econômico do Estadão (http://bit.ly/oTnPse) que o quilo da banana prata no Pão de açúcar custa R$ 5,00 e no Sonda, R$ 3,23. Já em Nova York, no D´Agostino, a mesma banana sai por R$ 3,48, e no Food Emporium pela bagatela de R$ 2,78.

Como se diz bagatela em inglês? Bem, o mais próximo que cheguei foi paltry amount of money.  O único produto da lista que custa mais caro lá (bem pouquinho, diga-se) é o abacate. No mais, como diz a matéria, está mais barato comprar manga, coco ralado, água de coco e mamão papaya em NY.

Por isso, vou fazer a feira em Manhattan. E como estarei na Big Apple, vou aproveitar para ver Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2. Descobri recentemente que o preço do ingresso para ver o bruxo lá está em torno de R$15. Por aqui... na casa dos R$ 26/27.

Ah, para finalizar, é triste ver que, além das nossas frutas tropicais, também exportamos para os americanos a nossa velha e boa expressão a preço de banana. Agora, serão os gringos que poderão dizer at a bargain price or at a bananas price? I don´t believe. That news is the end of the picade.

domingo, 31 de julho de 2011

Cuidado com os gestos ab-ruptos

Hoje, finalmente, instalei a 5ª Edição do Dicionário Aurélio no meu computador. O original, em papel, fica na estante para eu consultar no caso do apagão... Cada vez mais frequente na nossa São Paulo. Ao contrário dos puristas, prefiro pesquisar no computador. A consulta é mais rápida e quando vou à caça de uma palavra, acabo por descobrir novas e redescobrir tantas outras.

E são muitas as palavras. O acervo é de mais de cinco milhões de ocorrências, já computadas as cerca de três mil palavras mais frequentes na língua escrita contemporânea. A partir de agora, você pode tuitar à vontade sem medo de errar porque eu tuito, nós tuitamos e eles tuitam. Está lá no Aurélio, assim como flex, test drive e ricardão.

Depois de instalado, num gesto abrupto, pus-me a navegar pelo Guia Rápido da Nova Ortografia. Embora eu tenha lido bastante sobre o assunto e até assistido a uma palestra do especialista professor Ataliba, parei mais uma vez na questão do hífen... Eta sinalzinho chato! Quase caí quando descobri que o adjetivo abrupto agora tem que ser grafado ab-rupto, porque a regra diz que usa-se o hífen quando os prefixos AB, OB, SOB e SUB aparecerem antes de B, H ou R.

Os responsáveis pela reforma ortográfica capricharam no quesito hífen. No caso da regra prefixo termina em vogal + vogal igual – usa-se o hífen quando o prefixo terminar em vogal e a segunda palavra começar por vogal igual. Assim, antes grafávamos sem hífen as palavras antiinflamatório, arquiinimigo, microondas e microorganismo. Agora, elas se tornaram anti-inflamatório, arqui-inimigo, micro-ondas e micro-organismo.

Ai que nó! E a regra para as palavras que perderam a noção de composição? Não se usa o hífen em palavras compostas: o manda-chuva de antes virou mandachuva e o pára-quedas, paraquedas. No caso deste último tem o agravante do para (antigo pára), que perdeu o acento quando flexionado na terceira pessoa do presente do indicativo.

Assim, antes da reforma, a sentença O carro pára para o pedestre passar ficou chata. O carro para para o pedestre passar. Como o meu Word ainda não está adaptado à nova ortografia, ele acabou de tentar me corrigir na segunda frase. Ele quer que eu acentue o primeiro para ou elimine um deles.

Mais alguns exemplos: autoajuda virou auto-ajuda e aquele velho e bom filme em superoito, super-oito. Mas eu me peguei mesmo foi com o ab-rupto. Em tempo, o dicionário eletrônico traz uma inovação que é a locução dos exemplos por uma moça de voz suave. Ela diz ABRUTO, como antigamente e não AB – RUPTO.

Depois de muito navegar descobri que a equipe que atualizou a 5ª Edição do Dicionário Aurélio só se esqueceu de registrar o verbete Aurélio, porque este definitivamente é sinônimo de dicionário.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Jornalismo comparado

Em quem acreditar?

Acabo de ler os títulos da matéria sobre o julgamento de Cesar Cielo nos portais da UOL e Globo.

Título da UOL: Cielo encara quase seis horas de julgamento e deixa audiência em silêncio http://bit.ly/piYCwg

Titulo da Globo: Depois de quase seis horas, Cielo deixa julgamento do TAS sorrindo http://glo.bo/qHZwcQ

Depois de comparar as duas manchetes, o que fazer? Calar ou gargalhar?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Domingo de manhã em downtown

Madrugamos no domingo para cumprir um objetivo predeterminado: visitar O Mundo Mágico de Escher, exposição que, depois de dois meses e pouco em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, cumpria seu último dia de visitação.

Só mesmo os dois espertos para deixar a empreitada para os 45 do segundo tempo. Engrossamos a fila às 9h20 e lá ficamos até 11h15... Quando desistimos. Naquelas duas horas na fila paquidérmica, nos revezávamos. Fui buscar café e pão de queijo e aproveitei para fotografar alguns prédios do centro velho.

Apesar do mico, o astral estava incrível. No começo da XV de Novembro, uma produtora gravava um comercial com dezenas de figurantes. De repente, uma procissão de ciclistas surgiu do nada e cruzou o set. Quando perceberam as luzes e câmeras, passaram a gritar. Imagino o porre que deve ser para os produtores serem interrompidos a cada momento por curiosos que cruzam o set como se nada de extraordinário estivesse acontecendo por ali.

Gostoso mesmo foi rever o centro velho – com exceção da fila – vazio e com as portas fechadas que realçam a beleza dos velhos edifícios. Embora eu tenha circulado naquele espaço durante os oito anos em que trabalhei na Boa Vista, descobri algumas fachadas que antes não haviam me chamado a atenção. Sobretudo, porque durante a semana, você caminha preocupado com a massa que circula naquelas calçadas e pode, vez ou outra, mudar o seu destino. Se você parar, é levado. Se bobear, pode ser assaltado. Então, a vista não consegue desviar para o alto, onde se escondem os tesouros arquitetônicos.

Bem, como não conseguimos ver O Mundo Mágico de Escher, o que nos restou foi pegar o caminho de volta e decidir no caminho o cardápio do domingo. Vamos ao bacalhau com grão de bico e arroz soltinho e o tinto. A produção antecedeu o desastre, não menor que a frustração de não ter visto a exposição: às 4 da tarde tem Brasil x Paraguai. Agora vai desencantar, imaginei. Vamos meter pelo menos quatro nos hermanos paraguaios.

Eu disse quatro... Foram de fato quatro pênaltis pro mato... Que o jogo era de campeonato. Fosse o meu Verdão isso não aconteceria. Cleber & Cia. acertariam pelo menos uns dois, mas a Seleção dos tão aclamados Neymar e Ganso – que o Dunga não levou pra África do Sul – exageraram na arte de perder pênaltis. O baixinho twitou: seleção de M... Ele tem toda a razão, pois comandou brilhantemente a classificação para e a Copa dos EUA.

Bem, passado o tsunami, liguei em Chile x Venezuela. Afinal, o verde Valdívia é um dos craques dos chilenos. Oh, deuses do futebol! O que vocês aprontaram. A Venezuela de Hugo Chavez despachou o Chile, como o Uruguai havia feito antes com a Argentina; o Peru com a Colômbia; e o Paraguai com o Brasil. A Venezuela foi a mais surpreendente, afinal em edições anteriores havia assinalado apenas dois gols e era, invariavelmente, o saco de pancadas de todas as seleções; os três pontos garantidos.

É isso aí, a Venezuela de Chavez e das misses está na semifinal. E agora, vou torcer para que ela leve o título. Seria surpreendente e a história do futebol teria de ser reescrita.

Terminei o meu domingão no Canal Brasil. Reprisaram o show maravilhoso que o João Bosco fez no Auditório do Ibirapuera em 2006, acompanhado por uma banda maravilhosa e com convidados para ninguém botar defeito: Yamandú Costa, Hamilton de Holanda e Djavan. O título do show? Obrigado, gente!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Adeus, Mário Chamie

O meu café da manhã de hoje foi mais amargo. A rotina de ler o jornal vagarosamente trouxe aquela notícia que não gostamos de ler: Morre o poeta Mário Chamie, me contou a manchete.

Engoli a seco e minha memória me mandou correr à minha caixa de recordações para buscar o poema que Chamie emprestou para o espetáculo A Maçã de Eva, montado por Clarisse Abujamra em 1999. Eu fiz a produção gráfica e o poeta me enviou a pérola Virgindade, crime de sangue – que Clarisse dizia na peça – e que foi reproduzida por mim no catálogo do espetáculo. O poema chegou com a seguinte anotação do poeta:

Meu caro Dirceu Rodrigues: aí vai o meu poema Virgindade, crime de sangue completo. Bom espetáculo. Abraço Mário. São Paulo, 04/07/1999.

Ao rever a data, o susto foi maior. Enquanto lia o bilhete neste 4 de julho de 2011, o poeta Mário Chamie estava sendo velado no MIS doze anos após aquele bilhete.

Bem, saudoso Mário Chamie. Aquele encontro foi o nosso único nesta vida e o bastante para que eu pudesse admirá-lo, como poeta e como ser humano. A minha homenagem póstuma é deixar aqui registrado o teu poema para quem não viu a peça ou não conhece esta pérola lapidada pela sua pena.

VIRGINDADE, CRIME DE SANGUE

Miosótis neutro,
o antúrio
(clitóris teso)
floresce tarde
na haste
do desejo.

O crime de sangue
denso
por virgindade
exposta cedo
é a arte do ódio velho
de quem na rede
o fruto colhe
em tempo de fruto verde.

Fio vermelho,
quente é a vingança
do sangue alheio,
como quente é a serpente
de sangue
que o gozo da carne
expande.

Clitóris teso,
o antúrio
floresce tarde
na haste do desejo.

Mário Chamie

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Paixão e fé pelas ruas de toda cor

Ao acordar hoje neste belo e ensolarado feriado de Corpus Christi, lembrei-me dos tempos de Aparecida. Enfeitar as ruas para a procissão era quase um concurso. Mobilizava todos os moradores do bairro e cada um queria fazer de sua rua a mais bonita para ganhar um troféu que não existia.

Começávamos a nos juntar no final das frias madrugadas de inverno. Sim, havia inverno naquele tempo. A ansiedade despertava todos nós. O primeiro passo – previamente combinado – era que cada um cuidasse de levar um ingrediente para a produção daquela arte coletiva: pó de café, flores, pedras, areia e – muito – pó de serra. Este último cabia a mim, posto que meu pai era marceneiro e produzia muito pó de serra em variados tons.

À tarde lá vinha a procissão “se arrastando que nem cobra pelo chão” e, para minha tristeza, desmanchando a arte que todos nós nos esforçáramos para produzir. Mas o que fazer? Aquela arte era criada exatamente para aquele objetivo.

Ao me lembrar destas histórias nesta manhã, lembrei do Clube de Esquina 2, de Milton Nascimento. Uma das mais belas canções daquele álbum é Paixão e Fé, de Tavinho Moura e Fernando Brant. Busquei o vinil e deixei a agulha ferir os sulcos da minha memória. Repeti diversas vezes. Para quem quiser ouvir esta jóia, deixo o link e a letra primorosa destes mineiros que – como eu – devem ter enfeitado muitas ruas capistranas lá nas Minas Gerais.


Paixão e Fé (Tavinho Moura e Fernando Brant)

Já bate o sino, bate na catedral
E o som penetra todos os portais
A igreja está chamando seus fiéis
Para rezar por seu senhor
Para cantar a ressurreição

E sai o povo pelas ruas a cobrir
De areia e flores as pedras do chão
Nas varandas vejo as moças e os lençóis
Enquanto passa a procissão
Louvando as coisas da fé

Velejar, velejei
No mar do Senhor
Lá eu vi a fé e a paixão
Lá eu vi a agonia da barca dos homens

Já bate o sino, bate no coração
E o povo põe de lado a sua dor
Pelas ruas capistranas de toda cor
Esquece a sua paixão
Para viver a do Senhor

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Antares é aqui

A foto que ilustra a capa da Folha de São Paulo da edição desta quarta-feira me reportou ao livro Incidente em Antares, de Érico Veríssimo. Fiquei sabendo da greve ontem de manhã na CBN. O repórter da rádio falava direto do Cemitério de Vila Formosa e presenciou os grevistas dentro dos túmulos. Tentei imaginar a cena, que somente hoje vi no clic que o fotógrafo Moacyr Lopes Jr. fez para a Folha Press.

Os motoristas do serviço funerário também aderiram à greve e, com isso, o serviço de transporte dos corpos de hospitais e IML para os velórios foi afetado. As famílias reclamavam que os corpos de parentes não estavam sendo transportados e, consequentemente, não conseguiam iniciar o velório.

Enquanto o acordo do sindicato da categoria com a Prefeitura não sai: os grevistas querem 39,79% e a prefeitura oferece 0,01%, os 1.366 servidores ativos prometeram suspender a greve nesta quarta-feira, porém a negociação continua.

Ao acompanhar esse movimento – justo – lembrei-me da greve deflagrada na sexta-feira 13 de dezembro de 1963 pelos coveiros de Antares – cidade fictícia em que se passa o último e genial romance de Érico Veríssimo: Incidente em Antares.

Num resumo rápido: naquela sexta-feira, 13, morrem sete pessoas na cidade: Quitéria Campolargo (a matriarca da cidade), Barcelona (um sapateiro anarquista), Cícero Branco (influente advogado), João Paz (jovem pacifista que foi impiedosamente torturado pela polícia) o genial Pudim de Cachaça (bêbado envenenado pela mulher) Menandro Olinda (pianista que se suicidou) e Erotildes (uma prostituta).

Como os coveiros impedem o sepultamento, os caixões são deixados do lado de fora do cemitério. À noite, os mortos acordam e ficam indignados por ainda estarem insepultos. Os defuntos fazem uma sinistra procissão até o coreto da cidade onde passam a vasculhar a intimidade de parentes e amigos. Como já estão mesmo mortos, podem dizer o que quiserem sem temer represálias.

Bem, em Antares havia somente um cemitério. Em São Paulo, 22. Se essa greve pega mesmo, fico imaginando a quantidade de insepultos que passarão a circular pelo trânsito congestionado das ruas e avenidas de São Paulo com destino à Praça da Sé para reivindicarem seu sepultamento.

Se isso acontecer, aqueles fantasmas que habitam os meandros do nosso serviço público têm que tomar cuidado, pois vai que, como no romance de Veríssimo, os mortos que já estão mesmo mortos resolvam botar a boca no trombone e revelar de vez onde estão escondidos todos os fantasmas desse nosso Brasil/Antares.

domingo, 22 de maio de 2011

O “placar eletrônico” não deixa mentir

O fabuloso "Placar Eletrônico" do Teixeirão

Hoje tomei o meu café da manhã folheando a Veja. O lead já está na capa da revista: “Por critérios matemáticos os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo”. E mais: “No ritmo atual, o Maracanã seria reaberto com 24 anos de atraso.” A matéria é assinada pelo jornalista Kalleo Coura.

Ponto. Parágrafo. Também li o caderno de esportes do Diário de São Paulo, que deu capa para São Marcos com o título “O tempo não para”, ilustrado por duas fotos do atleta: cabeludo, quando chegara ao Verdão há 19 anos – quando nem sonhava que viria a ser reconhecido como São Marcos – e outra atual, careca e com fios de barba brancos.

A reportagem de Veja lista 5 razões para todos os atrasos:
1) – Escolha política das sedes
2) – Não há quem cobre
3) – Projetos malfeitos
4) – O dinheiro não aparece
5) – Estão fazendo corpo mole

Bem, deixei para ler a extensa matéria mais tarde. O que importava mesmo no meu café da manhã era saber como estrearia o meu Verdão às 4 da tarde e as histórias do Marcão, que diz que se aposenta no final do ano.

Contei as horas até me postar em frente à TV e assistir a estréia alviverde no fabuloso Estádio Teixeirão, em São José do Rio Preto. Lembrei que perdemos apenas três partidas em 2011 e fomos a melhor defesa do Campeonato Paulista. Exceto por aquela partida (arhg) em Curitiba, o time beirou à perfeição, a par de ter um time – que todos sabemos – que não faz jus à nossa tradição de grandes elencos.

Bem, voltando à partida, ou melhor, ao Teixeirão, o placar somente foi acionado aos 19 minutos do segundo tempo por ele. Ele mesmo: o Gladiador, que completou os 100 jogos pelo Verdão e ganhou até uma camisa especial.

Passaram-se alguns minutos até que o “placar eletrônico” fosse acionado. Explica-se: as câmeras do SPORT TV flagraram o momento exato em que o funcionário responsável colava um número 1 bem tosco com uma fita crepe no fabuloso “painel eletrônico” de última geração. Ele demorou para conseguir grudar. Para sua sorte, seu expediente terminou ali, pois o placar da partida não passou do 1x0.

Um pouco mais adiante as câmeras flagraram novamente o kit placar do Teixeirão. A essa altura eu já estava com a minha câmera e registrei as latas de tinta e as cartolinas utilizadas pelo zeloso funcionário. É só conferir as fotos acima ou assistir à reprise do jogo.

Voltando à Veja, de fato é difícil imaginar uma copa do mundo no país do futebol que ainda não conseguiu resolver problemas básicos no dia a dia dos campeonatos que organiza.

E vamos que vamos! O Brasileirão já começou e estamos lá. É só manter o Felipão como técnico, o Marcos Assunção para cobrar as faltas, o Gladiador para infernizar a defesa adversária e marcar golaços e o São Marcos para defender a nossa meta.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O mau exemplo do Bom Retiro



















Todos os dias por volta das 11 da manhã, invariavelmente, algum estabelecimento comercial coloca seu lixo em frente à sinagoga que fica na esquina das Ruas da Graça com a Lubavitch, no Bom Retiro.

Com o correr da tarde, o monturo só faz aumentar. Nos dias de chuva, nem é preciso relatar, o lixo vai bueiro adentro e, nos dias de vento, a sujeira se espalha pela rua. 

Na tarde da última segunda-feira (9), a meu pedido, o amigo Elias Gomes registrou com sua câmera a cena deplorável.

Em tempo, o lixo só é recolhido no período noturno. Enquanto isso, clientes e moradores do bairro têm que fazer uma ginástica para desviar da desagradável visão.

Ainda no período da manhã, uma viatura da polícia militar faz um plantão na mesma esquina. Outro dia eu e minha amiga Bia falamos sobre o lixo com o comandante daquele posto comunitário. Sua resposta foi surpreendente: “A gente não pode fazer nada. A comunidade é que tem fazer a denúncia à fiscalização da Prefeitura”.

Um absurdo, pois nem a polícia ali de plantão intimida os porcalhões que estão dando um mau exemplo no Bom Retiro.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Urubu Malandrovsky

Tchai não perde um ensaio da 5ª Sinfonia de Tchaikovsky

“... Inhambu cantou lá na floresta
E o velho jereba fez-se ao ar
Sapo querendo entrar na festa
Viola pesada pra voar

Camiranga urubu mestre do vento
Urubu caçador mestre do ar
Urutau cantando num lamento
Pra lua redonda navegar...”

Se Tom Jobim estivesse vivo na certa escreveria um arranjo especial para o seu clássico Boto e regeria uma audição especial para Tchai. Quem é Tchai? Um urubu apreciador de música, sobretudo a erudita, de Tchaikovsky.

É sso mesmo que você acaba de ler. Se não acredita, clique neste link http://bit.ly/mzPzpt da ESPN e veja a bela matéria que o repórter André Plihal fez durante os ensaios da Orquestra Sinfônica de Heliópolis que tinha como público o Urubu, apelidado pelos integrantes da orquestra de Tchai, porque ele não perde os ensaios da segunda, quarta e sexta, sobretudo quando a orquestra ataca o velho e bom Tchaikovsky.

O maestro Edílson Ventureli comenta “não conheço no mundo um Urubu tão refinado, que gosta de frequentar ensaios de uma orquestra sinfônica, que gosta de ouvir música erudita. Que gosta de ouvir Tchaikovsky e Mozart."

Agora que apareceu na TV, Tchai ficou ainda mais famoso. Tanto, que ganhou até uma página no Facebook. Se você quiser segui-lo é só digitar Urubu Tchai. Mas cuidado, faça uma revisão nas suas asas, porque como todo bom Urubu, Tchai voa alto... e, sempre, ao som da Quinta Sinfonia de Tchaikovsky.

domingo, 24 de abril de 2011

Rio, congestionamento & bacalhau

Ontem, por volta da 18h30, peguei um congestionamento... na fila do delicioso RIO, de Carlos Saldanha, no Shopping Cidade Jardim. Antes de chegar à bilheteria dei muitas voltas no estacionamento para conseguir uma vaga. 

A intenção era comprar o ingresso para a sessão das 20h30 (em 3D com legendas) e visitar a deliciosa Livraria da Vila lá do Shopping. Ao chegar a nossa vez, só havia um lugar disponível. A moça disse que ainda havia lugar para a sessão das 19h10 (em 3D dublado).

Decidimos: vamos nessa. A gente visita a livraria depois. Apesar de dublado, o filme é maravilhoso. Uma viagem pelas lindas paisagens cariocas soberbamente desenhadas por Saldanha e sua equipe. Como a sessão era dublada, estava cheia de papais e mamães com seus pimpolhos. Mal começou a exibição e um deles soltou em alto e bom som: a arara só voa no final! Arrrghh. Lembrei-me de um amigo de Aparecida que saiu da sessão de Romeu e Julieta bravo, pois disseram para ele que os dois morriam no final.

Hoje de manhã li no Facebook um post da amiga Rachel: “Trânsito no retorno a São Paulo. Parado já no km 64 antes de São Paulo! Traffic on the way back to SP. Stopping at Km 64 from SP. HEEELP!!!!” Respondi para ela que o único congestionamento que peguei nestes quatro dias de São Paulo foi a do cinema narrado acima. Que delícia que é esta cidade para quem fica nela num fim de semana super prolongado. Ela se torna a cidade ideal para todos que a amam.

Fiquei por aqui e acompanhei as notícias sobre os intermináveis congestionamentos que duraram 24 horas, apesar de a gasolina ter chegado à casa dos R$ 3 reais. Minha sobrinha foi para o Vale do Paraíba na quinta e ficou na estrada. Gastou 5 horas até Aparecida, distante 174 km da capital. Se houvessem os trens como antigamente ou como em todos os países civilizados do mundo, ela gastaria cerca de 2 horas.

Quando cheguei a São Paulo ia e voltava para Aparecida no “Trem de Aço”. Adorava. Ia para o vagão restaurante e ficava contemplando a Mantiqueira e o Rio Paraíba. Quando ia ao Rio de Janeiro, pegava o trem das 11 da noite da sexta e voltava no domingo no mesmo horário. Comprava a cabine, dormia gostoso e acordava pronto para a praia, no Rio, e pronto para o trabalho na segunda de manhã, em São Paulo.

E ainda ficam discutindo a construção ou não do trem bala. Nem precisava dele. Bastava que reativassem o Trem de Aço na linha já existente. Mesmo que o trem gaste 10 horas até o Rio, vale a pena fugir dos caminhões, dos buracos e dos congestionamentos da Dutra.

Li também hoje no Estadão que estamos vivendo um “apagão” de combustíveis. Culpa do aumento da frota em circulação e da entressafra da cana. O álcool mais caro está fazendo todo mundo migrar para a gasolina. Na UOL, li que o metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo. Um dos motivos, segundo Telmo Giolito Porto, professor de ferrovias da Poli, é a eficiência do metrô que atrai mais usuários.

Ah, li também sobre os congestionamentos nos aeroportos. Chegaaaaaaa!

São 13h27. Ao acabar este post vou abrir um malbec de Mendoza e acompanhar Cláudia na cozinha. Ela sacou do seu livrinho de receitas uma especial para fazer um bacalhau na melhor tradição portuguesa. Eu cuidarei do arroz bem soltinho que, modéstia às favas, é uma das minhas especialidades.

Eu disse bacalhau à portuguesa? Bem, depois do almoço é só vestir as cores da Lusa e torcer para que o time do Canindé despache o São Paulo e esperar que o meu Verdão faça o mesmo com o Mirassol para que, na semana que vem, a gente pegue o Corinthians. Mas esta é outra história para a gente preparar um outro almoço delicioso... sem congestionamento!