Autógrafo no LP L`LÂme de Baden Powell em 1.979 |
Estava eu neste domingo chuvoso navegando na internet quando vi que Riso Maria Dersu, uma amiga do Facebook, adicionou um vídeo do João Gilberto cantando Estate. Curti o João e como uma coisa puxa a outra, vi na barra de rolagem do Youtube à direita diversos vídeos de Baden Powell.
Não resisti e cliquei em Tristeza, um vídeo de 1966 quando o jovem violonista estava no auge de sua forma. O vídeo é uma preciosidade. Acompanhado por um trio, Baden arrasa no improviso e faz uma releitura deste clássico – uma música relativamente simples – transformando-o num concerto espetacular.
Não resisti e cliquei em Tristeza, um vídeo de 1966 quando o jovem violonista estava no auge de sua forma. O vídeo é uma preciosidade. Acompanhado por um trio, Baden arrasa no improviso e faz uma releitura deste clássico – uma música relativamente simples – transformando-o num concerto espetacular.
Imediatamente, minhas lembranças saltaram para uma noite muito especial que aconteceu no Tuca em 1973, ano em que cheguei em São Paulo. Eu estava lá e tive o privilégio de assistir àquela noite memorável em que Baden Powell se juntou aos seus mestres Dino e Meira e a cantora Silvia Maria. Saí daquele show mais encantado ainda com o violonista que eu conhecia apenas da vitrola. Ah, saí também com um autógrafo do ídolo no método de violão Lições Preparatórias, de A. Bernardini, em que eu estudava na época. O autógrafo diz: “Ao Dirceu com apreço, um abraço de Baden Powell e Silvia Maria, 21/11/73”. Lembro-me de Baden dizendo: “mas estuda mesmo”.
A partir, daí comecei a comprar todos os vinis de Baden que chegavam ao nosso mercado, porque a maioria dos seus álbuns foi gravada na Europa, onde viveu por mais de 20 anos. Ainda guardo comigo e ouço, de vez em quando, os 12 LPs gravados entre Alemanha e Paris. Um, em especial, ouço sempre: o LP gravado ao vivo, em 1979, no Teatro Procópio Ferreira, na Rua Augusta.
Quando anunciaram a temporada, corri ao teatro e comprei o ingresso para a estreia, na primeira fila. Nesta época eu acabara de lançar o meu livro de poesia Canto em Si e levei um exemplar “autografado” para Baden no camarim após o show. Contei então que a edição era minha e que eu estava vendendo em tudo quanto é espaço na cidade. Para minha surpresa, ele falou: “pode vender aqui no meu show”. Foi o máximo. Durante toda a temporada fui autorizado pela produção a vender o meu peixe na entrada do teatro. De quebra, assisti a temporada inteira... De graça.
Tenho uma história curiosa para contar sobre este show. Muito tempo depois, conheci Lilian Carmona, a baterista daquele show. Conversamos a noite inteira sobre aquela temporada histórica. Contei para ela o que narrei acima e, de repente, ela me contou o que aconteceu nos bastidores. Contrataram o trio: baixo, bateria e percussão. Os músicos chegavam para o ensaio às 11 da manhã e ficavam esperando alguma coisa acontecer. Lá pela uma da tarde, iam almoçar, voltavam... E nada. Baden se trancava no camarim e tocava sozinho o tempo todo.
Assim foi durante uma semana. Os músicos chegavam, almoçavam e ficavam esperando Baden descer para o ensaio. Somente no dia da estreia, com o palco montado, Baden chama todos para ensaio... No camarim. Foi assim mesmo, disse-me Lilian. Os músicos levaram seus instrumentos para o camarim, ensaiaram apenas uma vez com Baden e estrearam à noite... Comigo na primeira fila. Vá entender a cabeça dos gênios.
Depois deste show ainda vi Baden mais três vezes: no Circo SP, que funcionou durante alguns anos lá na Augusta com a Caio Prado; no 150 Night Club, no Maksoud Plaza; e o último show, num teatro, que não lembro o nome na Rua do Paraíso, alguns meses antes da morte do violonista.
Para quem quiser ver o Canto de Ossanha com que Baden abriu o show do Procópio Ferreira, deixo o link do Youtube. É uma gravação que Baden fez para o Fantástico em 1979: http://www.youtube.com/watch?v=WVQ3Hg9d19M&feature=related
Que linda inspiração para um domingo de chuva em Sampa.http://risomariadersu.blogspot.com espreita lá Dirceu.
ResponderExcluirbeijos,
Riso Maria Dersu
OI Riso,
ResponderExcluirQue susto você me deu. Li o Obra de Merda e achei que você estava falando a obra do Baden. Aívi que é o teu blog. Ótimo, vou segui-lo também. Beijos Dirceu