quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Com sol e chuva...

Igreja de São Francisco em São João Del Rey
Você sonhava que ia ser melhor, depois você queria ser o grande herói das estradas. Tudo que você queria ser...

Saímos de Aparecida no dia 27 de dezembro às 10 da manhã rumo ao caminho do ouro: São João Del-Rei, Congonhas, Ouro Preto e Tiradentes. Pegamos a Estrada Real em Cruzeiro. Quando entramos no território mineiro, colocamos o CD Clube de Esquina,
“obra que está para a MPB como Sargent Peppers, dos Beatles, está para a história da música do século XX”, opinião do DJ Paulão Sakae Tahira, que conheceríamos na simpática pousada Dona Olímpia, em Ouro Preto dois dias depois. Passei a concordar com Paulão, após ouvir diversas vezes esta pérola produzida por aquele clube de Três Pontas, capitaneado por Milton Nascimento.

Tudo Que Você Podia Ser, de Márcio e Lô Borges, foi o tema principal da trilha sonora da nossa viagem, sobretudo pelo seu começo: com sol e chuva. A viagem toda transcorreu com muita chuva e pouco sol. Mas não importa não faz mal... Cláudia e eu pouco nos importamos com a chuva intermitente que castigou o sudeste nesta passagem de ano. Concluímos que com muito sol talvez as nossas caminhadas pelas ladeiras de Ouro Preto seriam muito mais cansativas.

A primeira parada foi no Cavalo de Ferro, um simpático restaurante-café-loja-de-artesanato em Pouso Alto. Tomamos café na ida e almoçamos na volta, trazendo na bagagem queijos e doces da região. Tentei imaginar o motivo que fez a espanhola Rosário deixar Madrid para abrir aquela estalagem à beira da Estrada Real. Será que ela também veio em busca do ouro, como aqueles mineiros do início do século XVII? Ou será que ela descobriu que ouro foi exaurido e em seu lugar brotaram as incríveis cidades que conheceríamos em breve?

O melhor guia da nossa viagem pelas nossas cidades históricas do ciclo do ouro foi o meu presente de Natal. Ganhei o delicioso Brasil: uma História – Cinco séculos de um país em construção, de Eduardo Bueno. Sempre que voltávamos às pousadas, enquanto o corpo descansava das longas caminhadas, os olhos me contavam os detalhes da história do Brasil que Bueno tão bem descreve. Por que os livros de história do meu ginásio não tinham um texto tão saboroso? Cheguei até o Brasil Holandês, mas não pude deixar minha curiosidade saltar algumas páginas e dar uma esticadinha até a Inconfidência Mineira. Afinal, pela primeira vez eu estava lá naquelas cidades onde tudo foi tramado e tudo desfeito para ganhar as páginas da história. Bueno fala até da Marília de Dirceu, poema que, por motivos óbvios, sempre esteve na minha estante.

Chegamos a São João Del-Rei no início da tarde não sem antes passar por dentro de simpáticas cidades como Caxambu, Cruzília, Minduri e São Vicente de Minas. São João não é tão suntuosa quanto Ouro Preto e Tiradentes, mas tem um centro histórico bem preservado e uma pousada muito gostosa. Deixamos as malas na Pousada Magnólia, ao lado da Igreja de São Francisco de Assis, onde jaz Tancredo Neves, e fomos correr a cidade. A chuva, é claro, atrapalhou um pouco e tivemos que fazer o primeiro investimento da viagem: um guarda-chuva. O segundo seria uma capa transparente para a Cláudia em Tiradentes, menos para protegê-la da chuva e mais para agasalhá-la, posto que não levara nenhuma blusa de frio. Sim fez um friozinho chato sob aquela chuva intermitente que persistiu até depois do Réveillon.

Depois do giro pelo centro velho, paramos no restaurante Velho Chico, no largo em frente à matriz. Pedimos uma cerveja gelada e uns petiscos e começamos a tirar fotos, até que Juliana se ofereceu para fotografar o casal. Descansou seu copo de cerveja na mesa e depois do clic, se juntou a nós. Meia hora depois éramos amigos de infância. A simpática mineira acabava de retornar à sua cidade e o Velho Chico era seu restaurante predileto. Soubemos por ela muito mais que nos diriam os guias turístico. Juliana nos falou sobre o espetáculo que é a Semana Santa em São João. Faremos de tudo para não perder esta festa..

Após o papo e as cervejas, retornamos à pousada para descansar, tomar um banho e voltar ao Velho Chico às 9 da noite para o jantar. Saímos com o nosso inseparável guarda-chuva, pois àquela altura a chuva, embora bem fininha, molhava. Atravessamos a praça e lá continuava Juliana com o copo na mão. Ela não fora embora e acabou ficando com a gente até 11 da noite, quando retornamos para o sono profundo do primeiro dia de viagem, e ela ficou, sabe-se lá até que horas. No restaurante encontrei com o amigo Sérgio, dos tempos da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo.

Voltamos à Magnólia. O dia tinha sido muito comprido. Desmaiamos. No dia seguinte, após o café da manhã, retornaríamos à Estrada Real... com sol e chuva.

A viagem no blog continua amanhã. Agora vou voltar às paginas de Eduardo Bueno. Ainda tenho alguns séculos da nossa história para revisitar.

2 comentários:

  1. Oi Dirceu! Meu celular tocou hoje e era Amanda, minha amiga e esposa do proprietário do Velho Chico! Na época contara pra ela como você e Cláudia; "Marília de Dirceu", haviam se conhecido e se reencontrado. O marido dela, que como ótimo empresário, sempre busca críticas e citações sobre o restaurante, só hoje encontrou o texto no seu blog e logo chamou Amanda que se lembrou da história por mim contada e me ligou! Fiquei surpresa e feliz! Espero que estejam bem e retornem logo! Um beijo aos dois!
    Juliana.

    ResponderExcluir
  2. Oi Juliana, que gostoso ler o teu comentário hoje. Ele me transportou novamente à nossa viagem e, sobretudo, àquela noite incrível no Velho Chico. Como você deve ter lido, postei a viagem inteira, que foi maravilhosa e terminou em Tiradentes. Adoramos conhecer você. Ainda não programamos voltar. E você, quando decidir aportar em São Paulo, me avisa. Beijos extensivos aos pessoal do Velho Chico. Dirceu

    ResponderExcluir