quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cadeira de Balanço

Num canto esquecido da sala
Dorme tua ausência
(Cadeira de balanço).

O ranger noite adentro
A trazer insônia.

A saudade do que somos,
Do que poderíamos ter sido
E não fomos,
Vem-me nos sonhos
(Sonhos que custam a chegar).

Num canto esquecido da sala
Dorme tua ausência
(Cadeira de balanço)

No ranger constante,
Restos de ti
Ainda impregnados em mim:

Tua cabeça, olhos teus,
Teus cabelos, boca tua,
Teus seios, tuas mãos...
...ah, teu cheiro!

Como tecer o desenlace?

Se já abri as janelas,
Se já pintei as paredes,
Se já troquei os lençóis...
Se já mudei de casa.

Num canto esquecido de sala
Dorme tua ausência
(Cadeira de balanço).

O ranger intermitente
Como que anunciando,
O inexorável que és.

Range, cadeira,
Range, saudade matadeira.

Cadeira de Balanço também é um poema do meu livro Canto em Si, publicado em 1978.

Nenhum comentário:

Postar um comentário