Num canto esquecido da sala
Dorme tua ausência
(Cadeira de balanço).
O ranger noite adentro
A trazer insônia.
A saudade do que somos,
Do que poderíamos ter sido
E não fomos,
Vem-me nos sonhos
(Sonhos que custam a chegar).
Num canto esquecido da sala
Dorme tua ausência
(Cadeira de balanço)
No ranger constante,
Restos de ti
Ainda impregnados em mim:
Tua cabeça, olhos teus,
Teus cabelos, boca tua,
Teus seios, tuas mãos...
...ah, teu cheiro!
Como tecer o desenlace?
Se já abri as janelas,
Se já pintei as paredes,
Se já troquei os lençóis...
Se já mudei de casa.
Num canto esquecido de sala
Dorme tua ausência
(Cadeira de balanço).
O ranger intermitente
Como que anunciando,
O inexorável que és.
Range, cadeira,
Range, saudade matadeira.
Cadeira de Balanço também é um poema do meu livro Canto em Si, publicado em 1978.
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