sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Picasso e Martinelli


Dirceu Rodrigues, Luiza Pastor e Elias Tobias  no Martinelli, em 1985
Por conta do Blog, voltei a me encontrar com a amiga Luiza Pastor... no Facebook. Temos trocado lembranças sobre o hiato que nos separa desde que trabalhamos juntos no início dos anos 80. Depois, cada um foi para um lado e se perdeu nesta cidade maluca. Nestes anos, pouco nos vimos, mas nas vezes em que isso ocorreu foi sempre uma grande alegria reencontrar a amiga.

Numa das últimas conversas prometi a Luiza que qualquer dia contaria no blog alguma história daquele nosso tempo. Vamos lá. Luiza sempre foi linda, brava (como toda espanhola) e doce (o reverso da moeda). Quando ela foi apresentada à redação no seu primeiro dia de trabalho, foi paixão à primeira vista. De pronto, a convidei para o meu aniversário no fim de semana. Luiza não só foi à festa como me levou de presente uma super impressão em tela de uma das obras de Picasso, comprada no Museu de Arte de Nova York. A tela está comigo até hoje e é um dos presentes mais lindos que ganhei, comparado apenas às máscaras gregas trazidas direto de Atenas por Vassiliki Thomas Constantinidou, outra amiga daquele do trabalho.

As feras daquela redação eram demais: a chefe Maia Amália Krause, hoje de volta à sua Joinville, em Santa Catarina; a portuguesa Marili Ribeiro, hoje repórter especial do Estadão; o mestre de todos nós Pedro Medeiros, que nos deixou em 2007; Ana Dora Partos, na arte, que fez Cásper Líbero comigo; Elias Tobias, que não só ilustrava nossas publicações, como brindava a todos com hilários cartões de aniversário (tenho uma coleção dos meus 9 de julhos guardada); Ana Clara Lemos, que também fez Cásper comigo; o poeta Edmilson Costa, que se candidatou a prefeito de São Paulo na última eleição; e a Vassi, que lançou recentemente o livro Os guardiões das lembranças – memória e histórias dos imigrantes gregos no Brasil.

Dividimos a redação na Rua Boa Vista durante quatro anos. Nossa diversão era almoçar, ver as lojas ou fazer um tour informal pelo centro velho da cidade. O terraço do Edifício Martinelli era o nosso point predileto. Tanto que num verão de 85 fizemos a nossa sessão de fotos: Luiza, Elias e eu. Elas hibernaram em minha gaveta até hoje, quando as libertei direto para o scanner, para poder colocar no blog. Quanta saudade! Lembro como se fosse hoje. Na foto da esquerda Luiza e eu tentamos imitar Chaplin em seu clássico O Garoto. Na outra, deixamos a câmera no automático para clicar o trio para a posteridade.

Ah, não posso deixar de contar uma história engraçada que aconteceu no casamento de Luiza com Eduardo Holanda. Foi uma igreja de um colégio que fica no final da Rua Pamplona. Era verão e todo mundo estava super chique, naquele calor insuportável. Quando o padre começou a dizer: Luiza, aceita Eduardo como seu legítimo esposo... um dos padrinhos desmaiou. Todo mundo correu para acudi-lo. Soltaram a gravata, abanaram, levaram-no para a sacristia e a cerimônia recomeçou com o padre dizendo: retomando... Luiza, aceita...

Luiza me disse no Facebook: “outro dia minha filha queria tirar fotos em algum lugar da cidade e eu sugeri que fosse lá em cima, no Martinelli. Deu saudade!”

Pra mim também, querida! Volte para cima e reveja as nossas fotos e mostre para a sua filha este clic feito num certo verão naquela São Paulo que era uma cidade bem mais habitável que a de hoje.

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