Complexo “turístico” do Alemão



O escritório na mansarda, o refúgio do poeta

 
Agora de manhã fui à Casa da Colina – o sobrado onde residiu o poeta Guilherme de Almeida – e que será reaberta à visitação no próximo sábado (11), após dois anos fechada para reformas e adequação à acessibilidade. Meu objetivo: uma sessão de fotos para os nossos arquivos implacáveis.

Eu e as minhas lentes vasculhamos todos os cantos, quadros, móveis e objetos que ainda estão lá intatos. Lembrei do Manuel Bandeira em sua Última Canção do Beco: “Vão demolir esta casa. Mas meu quarto vai ficar, não como forma imperfeita neste mundo de aparências. Vai ficar na eternidade, com seus livros, com seus quadros, intactos, suspenso no ar!...”

Após guardar as imagens na minha câmera e na minha retina, voltei para casa. Liguei na CBN e a repórter (não me lembro o nome) falava direto do Complexo do Alemão. Narrava que no primeiro fim de semana ocupado pelo aparato do estado o local voltava à normalidade, inclusive como ponto turístico. Ponto turístico? Foi isso mesmo que ouvi. A repórter entrevistou duas turistas, uma de Indaiatuba e outra de uma pequena cidade o Espírito Santo. Esta última falou mais ou menos assim: “ Na minha cidade não acontece nada e aqui estou podendo ver de perto um tanque do exército... eu até fotografei.” A turista de Indaiatuba também me surpreendeu com o comentário: “Quis ver de perto este local que está nas manchetes do mundo inteiro”.

Quase não acreditei no que ouvi. Quer dizer que agora o Complexo do Alemão está inserido no roteiro turístico do Rio de Janeiro! É isso mesmo? Imagino então o turista com o seu consultor cuidando do roteiro de fim de semana na Cidade Maravilhosa: eu queria conhecer o Pão de Açúcar, o Corcovado, Ipanema... e o Complexo do Alemão.

Em seguida a CBN falou sobre a greve dos controladores de voo da Espanha. Será que o motivo é devido ao excesso de turistas merengues que estão querendo conhecer o Complexo do Alemão?