quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Uma casa para a eternidade









Sarau na casa da colina? Quem compareceu? Bem, vieram os amigos Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Oswaldo de Andrade, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Noêmia Mourão. Um dos frequentadores ainda vivo, o poeta Paulo Bonfim, lembra que os “saraus” da residência do poeta Guilherme de Almeida eram bem animados nos anos 40 e 50.
O belo sobrado ainda existe. Fica no número 187 da Rua Macapá, bairro de Perdizes. Chama-se agora Casa Guilherme de Almeida. Ali, o poeta viveu durante 23 anos, entre 1946 e 1969, e sobre ela escreveu: “A Casa na colina é clara e nova. A estrada sobe, para, olha um instante, e desce”. Guilherme de Almeida sobressaiu como o artista do verso. Tanto que Manuel Bandeira o considerava o maior da língua portuguesa.
Os livros e os quadros estão todos lá, como o poeta os deixou. Merece destaque o conjunto de pinturas – a maioria telas a óleo, geralmente retratos do poeta ou da esposa, Baby de Almeida, assinados por pintores como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral e Samson Flexor.
Entre o grupo de esculturas, vale destacar a belíssima peça em bronze criada por Brecheret, intitulada Sóror Dolorosa e uma interessante cabeça de Baby executada pelo escultor suíço William Zadig, além de um sólido busto esculpido por Joaquim Figueiras, semelhante à cabeça de Mário de Andrade, atualmente no acervo da USP.
Do variado conjunto de objetos decorativos, também sobressai a prataria. São peças antigas e de origens brasileira, portuguesa, holandesa e inglesa. Há um pequeno bule de prata de forma fantasiosa, e com incrustação com cristal de rocha que pertenceu à frasqueira de viagem do século XVII, do Conde Maurício de Nassau.
Outras preciosidades são os documentos e os livros da biblioteca do poeta – inclui o conjunto de obras publicadas por ele em sua primeira edição. Há também mapas e livros raros, dentre os quais um precioso volume em pergaminho, datado do século XVII. As duas bibliotecas de Almeida estão expostas no local: tanto a da residência como a do escritório da Rua Barão de Itapetininga, que ficava em cima da Confeitaria Vienense.
O museu pertence à Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, hoje administrado pela Poiesis – Organização Social de Cultura. Inaugurado em 1979, é considerado o primeiro museu biográfico da cidade. O imóvel ocupa um espaço de cerca de 350 metros quadrados e o projeto arquitetônico é de Sílvio Jaguaribe Eckmann, de 1945.  
Após dois anos fechada para reformas e adequações, a Casa da Colina será reaberta à visitação no próximo sábado, 11 de dezembro, às 11h30. A visita é agendada. É só ligar: 11 3673-1883.

2 comentários:

  1. Bom dia, permita-me...
    Parabenizá-lo pelo conteudo histórico versado com tanto carinho e dedicação. O contador de historias leva-nos a um mundo desconhecido e dá-nos de presente uma nova coleção de bons amigos!
    Paz ao teu coração e sejas feliz!

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  2. O coqueiro
    assoma
    a casa da colina

    Qual lança verde
    fincada
    no chão Paulista

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