terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Spazio Pirandello: assim era... me parece (1)

Chegaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

Eu eu meu amigo Apoenan Rodrigues no Pira, em 86.
 “Se for para ser palhaço, vou pro circo. Não trabalho mais neste lugar!” A frase foi grunhida por um furioso garçom em seu primeiro dia de trabalho no saudoso Spazio Pirandello no dia 24 de outubro de 1986, na Rua Augusta. 111. Ao mesmo tempo, ele tirou a sua gravata borboleta – símbolo máximo do garçom. Ele não estava acostumado a tanto movimento e logo na estreia pegou a famosa mesa dos habitués, onde tinha que “comandar” cliente por cliente. Havia pelo menos uns 15 amontoados nas quatro mesas nobres do restaurante naquela sexta-feira abarrotada, com fila de espera de quase duas horas. Foi aplaudido em cena aberta pelos frequendadores daquele bar e restaurante que fez história na cidade de São Paulo.

Por que me lembro desta cena nesta data? É que esta sexta-feira, 24 de outubro de 1986, também era o meu primeiro dia como gerente do Spazio. Começamos juntos. E eu, ao contrário daquele garçom, resolvi pagar para ver se realmente valia a pena ser “palhaço” naquele circo. Fiquei no picadeiro um ano e meio – tempo suficiente para fazer muitos amigos e colecionar histórias que pretendo lembrar aos poucos aqui no blog.

Ser gerente do Pirandello foi a decisão mais inusitada da minha vida. Segundo o proprietário Antonio Maschio – quando me fez o convite – eu encabeçava uma lista para ser o novo gerente do restaurante. Com um sim na quarta-feira anterior, passei de frequentador a gerente e por lá fiquei até abrir o meu bar, o Espaço Raissa, em 1988. Mas esta é outra história.

Em 2007, o outro sócio, Wladimir Soares, lançou o livro Spazio Pirandello, assim era, se lhe parece. Wladi contou muitas histórias, que não vou repetir aqui. Minha ideia é fazer um apêndice àquele livro, tentando resgatar algumas histórias que vivi no dia a dia como gerente, e que não estão no livro do amigo.

Uma delas é clássica. Uma psicóloga habitué jantava lá todas as noites. Seu ritual: pedia um Alexander. Vinte minutos depois, pedia outro. Somente então fazia o seu pedido para a cozinha. Um dia a doutora chegou um pouco estressada pediu o seu Alexander de toda a noite. Como sempre fazia, o barman Tadeu preparou na coqueteleira as duas doses ao mesmo tempo. O garçom Jorge levou o drink até a mesa, rodeada de amigos. Ela sorveu um gole, fez aquela careta e disse: está uma bosta! Jorge recolheu o drink, levou até Tadeu: a doutora disse que está uma bosta!

Tadeu, pacientemente, pegou o drink devolvido e entornou na coqueteleira onde repousava o segundo, preparado junto. Deu um tempinho, botou em um novo copo e Jorge retornou à mesa. A doutora levou à boca o “novo” Alexander e disse: agora sim, está ótimo. Passados 20 minutos, pediu o segundo, e lá foi o Jorge levar o mesmo drink parido de uma só vez.

À noite, no fechamento do caixa, rimos gostoso com a história que ficou entre nós, funcionários... até que caímos na besteira de contar para Wladimir Soares. Passados uns dois meses, a turma toda estava reunida, com a doutora ao centro, e Wladi resolve contá-la, como eu contei para vocês. Após as gargalhadas, a doutora se vira para o barman brandindo em alto e bom tom: Tadeu, seu FDP, eu pensei que você fosse a única pessoa séria neste bar.

As histórias são muitas, como o apelido mais rápido do oeste. O garçom Vasconcelos começou numa terça. No final da noite, virou Vasco e, no dia seguinte, da Gama. E assim foi até o fim. Era super simpático e muitos clientes falavam comigo: quero uma mesa na praça do "da Gama".

Que pena que aquele garçom do início desta história preferiu trabalhar no circo. Durante dois anos fui gerente, domador, mágico... e palhaço. Aquele circo mudou a minha vida.

3 comentários:

  1. Eu estive lá, com Maschio e Vlado, cantei, declamei poesia... What a wondefrul and small world.... Ronald Zomignan Carvalho

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  2. Tá bem de conto, hein? rsrs

    Luis Fernando V Roque

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  3. Dirceu, gerente de restaurante? Essa é novíssima pra mim. rsrsrs. Ótima história da doutora e seu habitual Alexander. Continue resgatando mais dessas :-)
    abraço

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